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10 lições curtas para curar o criacionismo dos criacionistas

1) Teoria é o melhor tipo de explicação que a ciência pode produzir.

Computadores, vacinas, carros e aviões funcionam baseados em teorias científicas. E funcionam bem na medida em que essas teorias científicas explicam o mundo bem.[1]

2) A Terra é antiga.

Se ignorar toda a teoria do decaimento radioativo e fizer deduções simples baseadas no resfriamento da Terra, você vai encontrar no mínimo mais de 50 mil anos para a idade do planeta (isso foi feito séculos atrás por mais de um pensador, incluindo Isaac Newton [2]). O decaimento radioativo simplesmente mostra que o sistema solar como um todo se estabilizou como matéria há 4 540 000 000 de anos. Portanto a Terra tem no mínimo 4,54 bilhões de anos. Isso é tão estabelecido em ciência quanto a gravidade.[3]


Quem nega simplesmente é ignorante (e se quisesse negar de forma honesta e sistemática, teria que entender as teorias científicas de geocronologia, não ficar batendo na tecla de textos religiosos milenares).

3) As características dos seres vivos são passadas de geração em geração pelos genes.

Os genes são trechos de uma molécula longa chamada DNA (e temos 46 fitas longas não-circulares de DNA no núcleo de cada célula do corpo, em geral – são os cromossomos nucleares). Qualquer pessoa, usando os instrumentos adequados, pode ver que este DNA é copiado imperfeitamente ao longo das gerações. Isso significa que os genes mudam. Isso significa que os seres vivos mudam. E a implicação inescapável disso é que os seres vivos mudam coletivamente.[4]

4) As populações dos seres vivos mudam porque os organismos mudam.

A biologia tem um nome para essa mudança, e este nome é “evolução”. E por usar este nome, não quer dizer que a biologia queira dizer mais que o que já foi dito: evolução é mudança (de características das populações ao longo das gerações). Nada mais.[5]

5) Assim como uma estalactite no teto de uma caverna qualquer…

…é o resultado de microscópicas acresções de carbonato de cálcio quando a água se evapora em sua ponta, as mudanças grandes da história da vida são o resultado inevitável de mudanças pequenas nos seres vivos. Não há mecanismo de parar a macroevolução, assim como não há mecanismo para evitar que a estalactite cresça ao longo dos séculos. [6][7]

 

A não ser que a estalactite se quebre, ou a espécie se extinga, coisas que também acontecem naturalmente.

6) Os nativos de Ruanda, no passado, separavam seu povo em três “raças”.

Eles pensavam que cada uma dessas “raças” tinha vindo de um casal. [8] Estavam errados. Assim como os ruandeses estavam errados, os cristãos fundamentalistas estão errados ao dizer que a Humanidade veio de um único casal. Isso é geneticamente impossível. [9] Adão e Eva nunca existiram.

 

As teorias científicas que mostram de onde veio a Humanidade são a genética e a teoria da evolução. Ambas se complementam harmonicamente, como qualquer grande geneticista de humanos pode confirmar. Perguntem a Alan Templeton, perguntem ao octagenário Francisco Salzano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: a resposta vai ser a mesma: a Humanidade veio de uma população africana de hominídeos, porque isso está escrito nos genes.[10]

 

Por que o ser humano se parece tanto com os macacos: olhos estereoscópicos, dedos preênseis, quase sempre um só bebê por gestação? Até mesmo Carl von Linné (Carlos Lineu), o inventor da classificação biológica, disse há mais de 200 anos:

“Se tivesse dito que o homem é um macaco ter-me-ia exposto à irritação de todos os eclesiásticos. Talvez devesse ter feito isso.”[2]

Qual é a explicação para dois irmãos ou dois primos serem parecidos? Qualquer pessoa em sã consciência dirá que é porque herdaram essas características de um avô ou um pai.

 

A analogia é a mesma em relação à espécie humana e os macacos: a melhor explicação para nossa semelhança é que temos uma espécie ancestral comum, E NÃO QUE O HOMEM VEIO DO MACACO, assim como você não veio do seu irmão nem do seu primo.

7) As teorias da cosmologia…

…que explicam o estado em que o Universo se encontrava há 13,7 bilhões de anos atrás são completamente independentes da teoria científica da evolução biológica. Uma galáxia não é uma ameba. Uma estrela não é um grão de pólen. Uma nebulosa não é uma colônia de bactérias.

 

Então, por favor, parem de misturar big bang com evolução biológica, de uma vez por todas. Parem de emitir certificado de ignorância de graça, não fica bem para vocês!

8 ) A teoria da evolução tem tanto a ver com o holocausto dos judeus…

…quanto a teoria atômica tem a ver com as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Teorias científicas são moralmente neutras, e podem ser usadas para o bem ou para o mal. Pode-se usar a teoria da evolução para o bem ao ressaltar que a Humanidade é única e não se divide em raças, porque é uma espécie recente (surgiu entre 150 e 200 mil anos atrás, na África).

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Desde que a Humanidade fabricou a primeira lança, os homens poderiam usar a lança para caçar e alimentar seus filhos ou para furar os torsos de outros homens. A lança nada tem a ver com as decisões morais humanas. A lança simplesmente funciona para estes fins. Teorias científicas simplesmente funcionam para explicar fatos da natureza.

9) Mesmo se Darwin fosse um crápula,

canibal, pedófilo, ladrão, ou assassino, isso em nada prejudicaria a teoria da evolução. Saibam separar pessoas e ideias. Os biólogos não amparam a teoria da evolução sobre a pessoa de Darwin (nem precisariam fazer isso, pois mesmo se Darwin não tivesse existido, ainda haveria outras figuras na história para descobrir a evolução biológica e o mecanismo que a causa). Teorias científicas são explicações, só precisam se amparar em experimentos e dados do mundo, e não sobre figuras de autoridade. O fato de Darwin ter sido uma pessoa com um forte senso de moralidade e ética, e um pai e marido amoroso, também não contribui para a teoria da evolução.[11]

10) Você não vai ser uma pessoa melhor nem pior se aceitar a evolução.

Aceitando, a única coisa que você ganha é estar mais informado sobre o mundo que te cerca. Não seja preconceituoso, leia textos básicos de evolução como os de Stephen Jay Gould e Ernst Mayr. Se você não gosta de ver pessoas que nunca leram a Bíblia falando dela, por que você poderia passar por cima do trabalho dos biólogos e saber a origem das espécies sem nem ao menos estudá-las?

 

Aceitar a evolução não vai fazer de você um ateu, porque há muitos evolucionistas que acreditam em um deus ou vários deuses. Há biólogos espalhados por todo o mundo, com criações religiosas diferentes. O motivo pelo qual todos concordam que a evolução existe é simplesmente porque eles sabem que o DNA muda, portanto os organismos mudam, portanto as populações mudam, portanto as espécies mudam.

 

Assim como espeleólogos sabem que o gás carbônico vira um ânion carbonato em contato com água, e se esta água for rica em cátions de cálcio e evaporar, esse ânion se unirá a este cátion por força de suas cargas, produzindo um sólido chamado carbonato de cálcio, e que o ambiente das cavernas garante que isso ocorra sem perturbações ao longo de séculos causando o crescimento das estalactites e estalagmites.

 

Será que sua vaidade te proíbe de estudar as conclusões dos biólogos? Pense se você agiria diferente se achasse que as estalagmites só podem ser feitas por escultores inteligentes e não por processos naturais.

 

Referências

[1]Gregory, T. (2007). Evolution as Fact, Theory, and Path Evolution: Education and Outreach, 1 (1), 46-52 DOI: 10.1007/s12052-007-0001-z

[2] Gribbin, John. Science: A History. Penguin, 2002.

[3]Dalrymple, G. (2001). The age of the Earth in the twentieth century: a problem (mostly) solved Geological Society, London, Special Publications, 190 (1), 205-221 DOI: 10.1144/GSL.SP.2001.190.01.14

[4] Snustad, DP & Simmons, MJ. Fundamentos de genética. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2008

[5] Ridley, M. Evolução. Porto Alegre, Artmed, 2006

[6] Short MB, Baygents JC, Beck JW, Stone DA, Toomey RS 3rd, & Goldstein RE (2005). Stalactite growth as a free-boundary problem: a geometric law and its platonic ideal. Physical review letters, 94 (1) PMID: 15698145

[7] Gee et al. (2009). 15 EVOLUTIONARY GEMS Nature DOI: 10.1038/nature07740

[8] Strickland, D. (2009). Kingship and Slavery in African Thought: A Conceptual Analysis Comparative Studies in Society and History, 18 (03) DOI: 10.1017/S001041750000832X

[9] RALLS, K., BALLOU, J., & TEMPLETON, A. (1988). Estimates of Lethal Equivalents and the Cost of Inbreeding in Mammals Conservation Biology, 2 (2), 185-193 DOI: 10.1111/j.1523-1739.1988.tb00169.x

[10] Wilson AC, & Cann RL (1992). The recent African genesis of humans. Scientific American, 266 (4), 68-73 PMID: 1566032

[11] Moore, J & Desmond, A. Darwin: A vida de um evolucionista atormentado. Geração Editorial, 2000.

Henry Bates e os animais mímicos

A história de Henry Bates, e como o mimetismo batesiano se tornou uma parte da teoria da evolução até os dias atuais.

Fonte: Yahoo!


Sean B. Carroll, biólogo molecular e geneticista, é autor de “Remarkable Creatures: Epic Adventures in the Search for the Origin of Species” (Criaturas Admiráveis: Aventuras Épicas em Busca da Origem das Espécies, em tradução livre).


No verão de 1859, um inglês chamado Henry Walter Bates voltou para casa após 11 anos se aventurando pela vasta floresta amazônica, trazendo espécimes de mais de 14 mil espécies que havia coletado. Seu timing foi misterioso.


Assim que Bates dedicou-se a organizar e descrever sua enorme coleção, foi publicada a obra “A Origem das Espécies”, de Darwin, o que deu a Bates uma ideia completamente nova sobre o que ele tinha visto na selva.


Ele foi capaz de proporcionar algumas evidências novas e oportunas em favor da seleção natural, pois ela explicava um fenômeno que ele tinha observado bem de perto – que o intrigava, e continua a prender a atenção de naturalistas até hoje: a grande semelhança de alguns animais com objetos vivos ou inanimados.


É uma pena que o trabalho de Bates seja tão pouco conhecido, não só por seu valor, mas também por ter sido realizado a um custo pessoal considerável.

Ele tinha viajado à América do Sul com Alfred Russel Wallace, que viveria para sempre à sombra de Darwin como a outra pessoa que desenvolveu a teoria da evolução pela seleção natural.


Bates e Wallace chegaram juntos ao Brasil em maio de 1848, mas se separaram depois de aproximadamente um ano explorando a Amazônia, supostamente para “cobrir um território maior”.


Essa foi, provavelmente, uma forma cavalheiresca de dizer que, após uma convivência muito próxima, um irritou ao outro. Depois de um ano sozinho, Bates quase desistiu. Ele não recebia dinheiro de seu agente na Inglaterra (que deveria vender os espécimes enviados por Bates da Amazônia). Suas roupas estavam em farrapos.


Ele não tinha mais sapatos – “uma grande inconveniência em florestas tropicais”, apontou ele. E quase todo seu dinheiro tinha sido roubado.


Quando estava planejando deixar o Brasil, Bates contraiu a febre amarela e ficou doente demais para viajar. Isso foi sorte, tanto para Bates quanto para a ciência.


Enquanto se recuperava, ele recebeu dinheiro de seu agente – junto a notícias de que suas coleções eram um sucesso na Inglaterra. Ele deu meia-volta e mergulhou na selva por mais oito anos. Em seu retorno à Inglaterra e no encontro com a grande obra de Darwin, Bates logo descobriu que havia percebido algumas coisas que Darwin não mencionava, mas que poderiam sustentar a controversa nova teoria.

Bates escreveu ao famoso naturalista: “Acho que tive um vislumbre do laboratório onde a Natureza fabrica suas novas espécies”.


Darwin ficou muito entusiasmado. A crítica vinha atacando “A Origem das Espécies”.


Ele estava ansioso por ouvir quaisquer evidências recentes que esse audaz explorador, recém-regresso da vida selvagem da América do Sul, pudesse oferecer.


Em “A Origem das Espécies”, Darwin se apoiou fortemente na analogia entre a seleção artificial dos humanos, por traços desejáveis na criação de animais, e a seleção natural por características na vida selvagem.


Agora Bates tinha um corpo de evidências completamente novo para a seleção natural selvagem. Bates explicou a Darwin que havia descoberto muitas instâncias nas quais

um animal, completamente inofensivo e comestível, lembrava alguma espécie repugnante, não-comestível, nociva ou venenosa.


Ele observou moscas que se pareciam com abelhas, besouros que se pareciam com vespas, e até mesmo lagartas parecidas com víboras.

Ele se referiu a isso como “semelhança análoga”, ou “analogia mimética”.


Bates deduziu que a mímica dos desprotegidos proporcionava uma vantagem, ao deixá-los parecidos com espécies que sabem se defender.


Ele concluiu que os muitos casos que havia observado não eram meras coincidências, já que as formas imitantes somente ocorriam na mesma área geológica das espécies que imitavam. Ele considerou o fenômeno, chamado até hoje de mimetismo batesiano, “a prova mais maravilhosa da teoria de seleção natural”.


Alguns naturalistas, menos científicos e mais sentimentais, estavam inclinados a ver essas semelhanças entre espécies como uma mera tendência da natureza à beleza e ornamentação, e não a consequência da batalha da natureza.


Bates os refutou apontando outros tipos de imitações, como mariposas e lagartas que se pareciam com dejetos de pássaros.

Ele perguntou, onde está a beleza nisso? Existem boas evidências experimentais para o mimetismo batesiano – e
para as vantagens obtidas por animais inócuos que lembram outros mais bem protegidos.


Porém, até recentemente, havia poucos testes sobre como realmente funcionaria a imitação de fezes de pássaro, espinhos, galhos ou rochas.


O desafio é distinguir se a artimanha é uma questão de camuflagem, com o predador não sendo capaz de identificar o animal, ou um caso de disfarce, com o predador enxergando o imitador, identificando-o
erroneamente como algo não-comestível e o ignorando.


Recentemente, os biólogos John Skelhorn e Graeme D. Ruxton, da Universidade de Glasgow, e seus colaboradores Hannah M. Rowland e Michael P. Speed, da Universidade de Liverpool, criaram um teste desse tipo usando as lagartas imitadoras de galhos da mariposa brimstone, e jovens mariposas de espinhos como presas.


Para que o disfarce funcionasse, um predador precisaria ter tido alguma experiência com os objetos sendo imitados. Assim, os cientistas dividiram jovens galinhas em diversos grupos – um grupo foi exposto a um ramo de espinheiro, que é um lar comum para elas.


Outro grupo foi exposto a um galho de espinheiro que foi coberto de fios coloridos, para alterar sua aparência.


Um terceiro grupo foi exposto apenas a uma jaula de testes vazia.


Em seguida os grupos foram, um após o outro, divididos em três – um recebendo uma única lagarta brimstone, um recebendo uma única lagarta de espinhos, e o terceiro recebendo um simples galho de espinheiro em jaulas antes vazias.


Os pesquisadores mediram o tempo que levava para que os pintos – com diferentes experiências anteriores – atacassem as lagartas, ou bicassem o galho.
Mesmo quando as lagartas eram os únicos objetos à vista, as aves que haviam sido expostas a galhos de espinheiros demoraram muito mais para
atacar as lagartas ou o galho, diversos minutos em média, comparado a apenas alguns segundos para as aves que não haviam encontrado o galho de espinheiro ou sido expostas ao galho embrulhado em fios coloridos.


O experimento demonstrou que as aves que tinham encontrado galhos de espinheiro identificaram erroneamente as lagartas disfarçadas como galhos, mesmo de perto e em plena vista. O disfarce parece ser uma estratégia de defesa bastante disseminada.

Skelhorn e seus colegas apontaram que ao menos 50 espécies de mariposas e borboletas britânicas lembram objetos inanimados em algum ponto de seu ciclo de vida.


As criaturas da selva que encantaram Bates usam o que é hoje reconhecido como quatro estratégias distintas para não ser comido – mimetismo; camuflagem, conhecida como crypsis; a exibição de cores de advertência; e o disfarce em objetos não comestíveis.


Quando o artigo científico de Bates foi publicado, descrevendo diversos tipos de imitações, Darwin lhe disse que aquele era “um dos artigos mais impressionantes e admiráveis que já li em toda minha vida”, e que “isso
terá um valor duradouro”.


Um elogio profético, vindo daquele que talvez seja o naturalista mais
lido daquele e de qualquer século.

______


© 2010 New York Times News Service. Tradução: Pedro Kuyumjian

Imagens:


– Henry Walter Bates, cerca de 1880. Origem: Lavas, J. R. (2002) The Lost World of Arthur Conan Doyle. Auckland, N.Z.


Mariposa que mimetiza dejeto de pássaro, margens do rio Napo, Equador. STUART WILSON / SCIENCE PHOTO LIBRARY.


– Mimetismo batesiano entre espécies de borboleta do gênero Dismorphia (acima, terceira série) e do gênero Ithomiini (família Nymphalidae – segunda série, série inferior). Imagem original de Henry Walter Bates, 1862. Contributions to an insect fauna of the Amazon Valley. Lepidoptera: Heliconidae. Trans. Linn. Soc. 23: 495-566.



(STEPHEN J. KRASEMANN / SCIENCE PHOTO LIBRARY)


(DR GEORGE BECCALONI / SCIENCE PHOTO LIBRAR)

Que bichos são estes acima?

Dica: não são cobras.

Doenças infecciosas causando alterações comportamentais

Doenças infecciosas são causadas por agentes que podem causar danos ao organismo hospedeiro de várias maneiras. Como exemplo posso citar alguns tipos de auto-imunidades (nem sempre são de origem genética) desencadeadas por parasitas específicos, é o caso da febre reumática e doença de chagas, ambas causam danos ao coração por agentes infecciosos diferentes (bactéria e protozoário, respectivamente). Isso ilustra a complexidade das reações que podem ser resultantes da interação parasita-hospedeiro, dificultando sua compreensão.

Quando há uma alteração comportamental decorrente de uma infecção (convêm lembrar que nem sempre a infecção é sintomática) existem três explicações para o fenômeno.

A primeira explicação para alterações comportamentais relacionadas às infecções está ligada à evolução humana. O próprio organismo “percebe” quando há uma infecção e, caso seja necessário, são enviados sinais para facilitar a atuação do sistema imunológico, por exemplo, a febre. O sistema imunológico se comunica através de citocinas, que também são a forma de comunicação com o sistema nervoso. A presença das mesmas no sistema nervoso central pode levar a uma modificação comportamental do indivíduo. Algumas destas modificações se manifestam em várias doenças diferentes, como sonolência, fraqueza, perda de apetite e perda de concentração. O indivíduo apresenta dificuldade de realizar uma série de atividades o que talvez seja vantajoso por permitir maior gasto de energia com a defesa. Infecções, stress prolongado e terapias cínicas podem manter altos os níveis de citocinas no cérebro por um longo tempo e levar à depressão.

Outro fenômeno que resulta em alteração comportamental é um dano neuronal causado principalmente por microorganismos parasitando o sistema nervoso central. Vários parasitas, como a bactéria causadora da tuberculose e o protozoário da malária, podem eventualmente causar meningites e encefalites, e caso não haja um controle resulta em danos ao tecido nervoso. A regeneração dos neurônios é ineficiente e em muitos casos as lesões são permanentes. Mesmo o sistema nervoso tendo uma plasticidade intrínseca que permite outras regiões assumir as funções de áreas lesadas, estes danos podem ser perigosos caso a lesão se encontre em algum local de maior importância. Dessa forma, há um componente aleatório nos danos, pois eles podem ocorrer em qualquer local gerando efeitos diversos.

Por último, as alterações comportamentais podem ser induzidas por parasitas como fenótipo estendido dos seus genes. Este tipo de alteração é intencional, do ponto de vista evolutivo, pois favorece a replicação do parasita. O Toxoplasma gondii (causador da toxoplasmose) tem como hospedeiro definitivo os felinos, mas pode parasitar várias espécies de mamíferos, incluindo o homem. Foi demonstrado que quando infecta ratos ele induz a uma perda de uma aversão específica ao cheiro dos felinos e também uma alteração da atividade dos animais fazendo com que se arrisquem mais. Ambas as alterações levam ao aumento da chance do roedor virar presa e o parasita continuar seu ciclo. É interessante comentar que o camundongo continua sentido outros odores e evitando outros predadores. A alteração comportamental é específica.

Na toxoplasmose humana, os efeitos no cérebro podem levar a uma alteração de personalidade, perda intelectual e esquizofrenia. Como a doença tem ampla distribuição e é majoritariamente assintomática, a maioria dos casos é ignorada. Estima-se que aproximadamente metade do quadros de epilepsia estejam ligados à toxoplasmose. É incrível pensar que microorganismos são capazes de manipular traços tão complexos como comportamentos.

Houve um tempo em que se acreditava que as características psicológicas de um indivíduo são resultantes da sua carga genética o que é, em parte, verdade. Estes traços de personalidade são também amplamente influenciados pelo meio, entendam-se experiências e situações vividas, conforme as idéias de Vigotsky. Acrescentar a possibilidade da presença de doenças infecciosas interferindo é um avanço para compreensão mais acurada do comportamento e seus distúrbios.

Para quem tiver interesse, este link mostra alguns dos casos de manipulação comportamental de hospedeiros:
http://listverse.com/2009/07/29/10-fascinating-cases-of-mind-control/

Fonte das Imagens:

  1. DAVID GIFFORD / SCIENCE PHOTO LIBRARY
  2. YLLA / SCIENCE PHOTO LIBRARY

Charada: o que não vive, mas evolui? Resposta: príons.

Lembra-se do mal da vaca louca, que há poucos anos custou bilhões à Europa em vacas abatidas e incineradas?

O mal da vaca louca não é causado por bactérias, nem por vírus, nem por qualquer outro patógeno maior que estes. É causado por uma ‘coisa’ que os biólogos nem sabem dizer se tem vida ou não: uma proteína que é produzida pelo próprio cérebro da vaca, que por alguma razão muda sua forma, e depois causa a mesma mudança de forma de outras proteínas idênticas quanto à sequência de aminoácidos. Essa mudança de forma dessas proteínas se espalha, e essas proteínas mal dobradas se acumulam nos neurônios, matando-os e deixando o cérebro com uma aparência de esponja.

Por isso o nome técnico do mal da vaca louca é encefalopatia espongiforme bovina.

E esta proteína mal dobrada – incapaz de se reproduzir sozinha, limitando sua reprodução meramente a passar adiante sua informação física de dobramento – é chamada de príon. Estes príons se espalharam de vaca para vaca porque a ração utilizada naqueles casos continham restos de vaca – obrigando as vacas ao canibalismo.

Existem príons similares em outros animais, que causam doenças espongiformes similares em seus cérebros. As ovelhas também ficam “loucas” pela ação de um príon, mas a doença é chamada “scrapie”.

Nas décadas de 50 e 60 do século passado, descobriu-se uma encefalopatia espongiforme humana, também causada por príon, chamada “Kuru”. Era transmitida por canibalismo ritual, e ocorria nas crianças e mulheres da Papua Nova Guiné que comiam o cérebro de entes queridos mortos, num ritual de luto. (Uns vestem preto, outros contratam carpideiras, outros comem cérebros: é a diversidade da cultura humana.)

Como proteínas que são, os príons não têm RNA nem DNA. Ou seja, não possuem nem material genético. Ainda assim, se comportam como parasitas, e podem até evoluir! É o que descobriram recentemente cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps, divulgado em publicação científica (Science Express) em 31 de dezembro de 2009.

ResearchBlogging.orgO novo estudo mostra que, mesmo no nível de proteína, os príons podem sofrer mutações, e estas mutações possuem diferentes capacidades de propagação do mal dobramento, ou seja, sofrem seleção natural. E esta seleção natural fora do nível do gene pode até conferir resistência a fármacos para os príons (coisa que até então só era conhecida entre vírus e bactérias), o que indica que a proteína normal do príon (que é produzida naturalmente pelo corpo) pode ser um alvo mais apropriado para o tratamento do que sua forma transformada.

“Em vírus, a mutação é ligada a mudanças na sequência do ácido nucléico [DNA ou RNA], o que leva à resistência. Agora, essa adaptabilidade foi a outro nível – para príons e dobramento de proteínas – e fica claro que ácidos nucléicos não são necessários para acontecer o processo da evolução”, diz Charles Weissman, que chefiou a pesquisa.

Todas as cerca de 20 doenças em humanos e animais causadas por príons (incluindo o Kuru, também conhecido como Doença de Creutzfeldt-Jakob) são fatais e sem tratamento conhecido.

“Quando você transmite príons de ovelhas para camundongos, eles se tornam mais virulentos com o tempo. Agora nós sabemos que os príons anormais se replicam, e criam variantes, talvez inicialmente num nível baixo. Mas uma vez que são transferidos para um novo hospedeiro, a seleção natural eventualmente escolherá as variantes mais virulentas e agressivas”, acrescenta Weissman.

Como se adaptam os príons?

No começo do estudo, os pesquisadores notaram que havia diferentes príons adaptados a células cerebrais e a células de cultura em laboratório, e que em cada ambiente uma forma adaptada sobrepujava a outra, o tipo de competição que Darwin descrevia em seres vivos.

Então, os cientistas testaram os príons com uma droga encontrada em plantas e fungos, capaz de inibir algumas linhagens de príons, chamada swainsonina ou swa. Em culturas em que a droga estava presente, foram encontrados príons que evoluíram e se adaptaram a esse novo ambiente. Quando a droga foi retirada, a linhagem de príons suscetível à sua ação voltou a predominar na população.

15 anos atrás, Weissman e seus colaboradores mostraram que camundongos que não possuem a proteína normal aproveitada pela virulência dos príons se desenvolvem normalmente e são, é claro, resistentes aos príons, o que indica que futuros tratamentos deverão atacar a proteína normal, e não a proteína dobrada em príon.

Weissman julga que os príons não são seres vivos, mas confirmam o conceito de “quase-espécie”, cunhado pelo biofísico Manfred Eigen, Nobel de Química em 1967. Uma quase-espécie é definida como uma população complexa de entidades diversas e correlatas capaz de se perpetuar ao longo do tempo. Há 30 anos Weissman havia confirmado este conceito usando vírus bacteriófagos.

Referência científica

Li, J., Browning, S., Mahal, S., Oelschlegel, A., & Weissmann, C. (2009). Darwinian Evolution of Prions in Cell Culture Science DOI: 10.1126/science.1183218

Crédito da imagem

Micrografia eletrônica de transmissão de fibras do scrapie, colorida artificialmente. EM UNIT, VLA / SCIENCE PHOTO LIBRARY

Entrevista adaptada de Science Daily.

Darwin 200 anos: série da Globo News

1 – A História Pessoal de Charles Darwin

2 – Os impactos da teoria de Charles Darwin

3 – A teoria criacionista de Charles Darwin

4 – Como será o futuro do homem como espécie?

Esta série foi exibida em janeiro e fevereiro de 2009 pelo canal de TV a cabo Globo News.

Há exatamente 150 anos, neste dia…

Há 150 anos, no dia 24 de novembro de 1859 (uma quinta-feira), pouco mais de mil livros foram postos à venda em Londres, pelo preço de 15 xelins cada. Era lançada a obra que revolucionou mais uma vez a visão do ser humano sobre seu lugar na natureza, comparável a obras como “De Revolutionibus” (1543) de Nicolau Copérnico e o “Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo” (1632) de Galileu Galilei.

Trata-se do livro “Sobre a origem das espécies pela seleção natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida”, apelidado de “Origem das Espécies”, de Charles Darwin. Esta primeira edição é considerada o estado mais puro das ideias do naturalista. Edições posteriores são vistas hoje como leves passos de prudência de Darwin frente às críticas, acabando por acrescentar à obra mais elementos ditos “lamarckistas”, que à época eram mais persuasivos. A segunda edição saiu menos de dois meses depois, curiosamente tendo acrescentada em sua frase final a expressão “pelo Criador”, que não estava na primeira edição.

A introdução da primeira edição pode ser lida em português neste link (tradução de Vítor Guerreiro).

No dia seguinte à publicação, Darwin escreveu a seguinte carta ao geólogo Charles Lyell:

25 de novembro de 1859

Meu caro Lyell

Recebi sua carta do dia 24 de novembro. É inútil tentar agracedecê-lo; sua gentileza está além de agradecimentos. Eu certamente retirarei a Baleia & o Urso.

Sobre os cruzamentos dos faisões, inseri uma frase: em meu manuscrito completo trabalhei com o caso longamente. O faisão japonês & o inglês são completamente dissimilares, & os outros dois podem ser considerados próximos porém espécies distintas. Não há dúvida sobre sua mistura; mas se as aves híbridas seriam férteis entre si eu não pude descobrir. Em distritos inteiros acho que nosso faisão inglês P. colchicus foi certamente modificado pelo cruzamento com P. torquatus.

Mas como meu manuscrito ficou em casa temo que não posso acrescentar nada, mesmo se tivesse tempo. O mesmo para os instintos equivocados. Gostaria de contar-lhe sobre um engano engraçado no instinto de uma formiga da madeira, que descobri no último verão. (Não, a história é longa demais).

A edição tinha 1250 cópias. Quando eu estava animado, algumas vezes imaginei que meu livro teria sucesso; mas nem mesmo construí um castelo-de-areia de tal sucesso que o livro alcançou; não me refiro à venda, mas ao impacto que o livro teve sobre você (que eu sempre vi como um árbitro principal) & sobre Hooker & Huxley. Tudo excedeu infinitamente minhas esperanças mais desenfreadas.

Passe bem. — Estou cansado de tanto examinar as páginas. — Passe bem, meu caro amigo.

Seu,

C. Darwin.

Psicologia Evolutiva segundo Steven Pinker



O vídeo acima é uma lista de reprodução para o programa completo, não é necessário procurar por outras partes no YouTube.

Steven Pinker, respeitadíssimo cientista da área da psicologia evolutiva, explica como esta abordagem vê a mente humana bebendo da fonte da teoria da evolução biológica.

Dia da Consciência Negra: raças e espécies

Amanhã, dia 20 de novembro, é comemorado em diversos municípios brasileiros, o Dia da Consciência Negra. Tenho ouvido e lido muita discussão, principalmente aqui em Brasília, sobre a questão das cotas raciais na UnB, opiniões as mais apaixonadas, extremadas e intolerantes na defesa de pontos de vista sobre o tema. Gostaria de ver discutido aqui neste blog, não o direito às cotas, seja como reparação de injustiças passadas ou como fator acelerador da inserção do negro na sociedade; mas sim a questão do ponto de vista das raças. Como “cristão novo” no blog e no Evolucionismo, não tenho ainda o conhecimento e o discernimento para contribuir com o tema. Mas ao ler “A Grande História da Evolução”de Richard Dawkins, chamou-me a atenção “O conto do gafanhoto”. Dawkins nos alerta que os biólogos classificam os animais que se acasalam em condições artificiais, mas que s erecusam a fazê-lo na natureza, como espécies separadas. Os seres humanos, ao contrário, só através de esforço quase sobrehumano de empenho político desconsideram as diferenças entre populações e raças locais. No entanto, as raças humanas intercruzam-se e não há quem duvide que pertençam à mesma espécie. É sobre isto que trata “O conto do gafanhoto”, de raças e espécies, das dificuldades de definir ambas e de tudo o que isso tem a dizer a respeito das raças humanas. Com a palavra nossos biólogos, etólogos, antropólogos e zoólogos.

(Nature) Brasil prepara importantes ações climáticas

Traduzido de Nature News.

por Jeff Tollefson, 2 de novembro de 2009.

Partindo de planos já existentes para cortar as taxas de desmatamento na Amazônia, o Brasil está considerando um novo compromisso para reduzir significativamente as emissões cumulativas de gases do efeito-estufa na próxima década.
Detalhes ainda estavam sendo discutidos quando esta edição da Nature foi publicada, mas tal compromisso representaria o passo mais importante já dado por um país em desenvolvimento que participará do encontro sobre o clima promovido pelas Nações Unidas em Copenhague no próximo dezembro. O Brasil poderia ajudar na aproximação entre países ricos e pobres, enquanto pressionando as nações industrializadas a cumprirem com seus compromissos.

“O que importa bastante é que o Brasil viu que ele pode dar o exemplo”, diz Steve Schwartzman, que lidera em Washington uma política do Fundo para a Defesa do Ambiente direcionada a florestas tropicais. “Este é um passo importante. Equivale a estabelecer um limite nacional.”

No quadro atual de aquecimento global, apenas as nações industrializadas precisariam limitar e então reduzir suas emissões de gases do efeito-estufa. Países em desenvolvimento estão se focando em políticas de redução do aumento de emissões e de desenvolvimento econômico baseado em menos carbono.

Embora o Brasil não esteja discutindo um limite compulsório de emissões, seus cientistas e governantes têm atualizado os registros de gases do efeito-estufa na nação e quantificado potenciais reduções. Resultados preliminares de uma análise sugerem que o país poderia cortar suas emissões estimadas para 2020 em 35%, o que pode equivaler a mais ou menos 8% abaixo dos níveis de 2007. O governo também discute cortes ainda maiores, todos dependentes de apoio internacional.

“Estamos estimando agora a magnitude de reduções que poderemos obter até 2020”, diz Carlos Nobre, um climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em São José dos Campos. “O próximo passo é saber quanto vai custar cada uma dessas coisas, e então é preciso discutir como conseguir financiamento.”

Trabalhando com a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede-Clima), a pedido do Ministério do Meio Ambiente, Nobre calculou que o Brasil pode reduzir suas emissões anuais em quase 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono até 2020. Mas a Rede-Clima estimou que outras 320 milhões de toneladas poderiam ser reduzidas nos setores de agricultura e energia, além de nos esforços de reflorestamento.

“Se tivermos apoio e desenvolvermos boas políticas aqui, poderíamos chegar em 2020 com o máximo de 40% de redução”, diz Nobre, e isso custaria bilhões de dólares ou mais.

Marina Silva, uma ambientalista que deixou o cargo de ministra do meio-ambiente do Brasil no ano passado em meio a oposição interna contra suas políticas, tem usado seu novo cargo no Senado para pressionar por uma meta nacional clara em Copenhague. Falando através de um intérprete em Washington na semana passada, ela disse que o princípio de “responsabilidades comuns porém diferenciadas” pode exigir que as nações ricas tomem a frente mas não exime os países em desenvolvimento de agirem.

“Os países em desenvolvimento não podem se esconder por trás disso para evitar fazer reduções”, diz Silva, que é uma possível candidata do Partido Verde para presidente no próximo ano. “Nosso planeta não leva em conta de onde as emissões estão vindo”.

O governo também está repensando sua posição sobre o carbono das florestas num futuro tratado sobre o clima. Até hoje, o país tem sido uma voz solitária pedindo que os países ricos não tentem compensar por suas emissões de gases do efeito-estufa pagando pela conservação das florestas nos trópicos. O medo é que essas compensações permitam que os países industrializados atrasem suas ações domésticas, mas observadores dizem que esta posição do Brasil pode suavizar-se.

O Brasil criou o Fundo da Amazônia no ano passado como um mecanismo alternativo para permitir que países doadores ajudem a pagar pelo programa vigente de coibição do desmatamento (veja Nature 460, 936-937; 2009). A Noruega prometeu US$ 1 bilhão até 2015, assumindo que o Brasil continuará progredindo neste esforço.

Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou uma força-tarefa para estudar a questão depois que nove governadores representando os estados da Amazônia fizeram-lhe um apelo para reconsiderar a política brasileira nos mercados do carbono, que eles dizem representar “uma oportunidade de ouro” para o desenvolvimento sustentável e a conservação das florestas. Esse grupo propôs que seja permitido que as nações compensem por 10% de seu compromisso de redução através da compra de créditos de carbono por desmatamento evitado.

Schwartzman diz que foi Marina Silva quem iniciou uma mudança dentro do governo federal. “Há não muito tempo a posição oficial do Brasil era de não querer qualquer discussão sobre o desmatamento nas negociações internas”, ele diz. “Foi por causa dos apelos que ela fez que o governo brasileiro reabriu essa política e chegou a uma conclusão diferente.”

Não conseguimos contactar funcionários do Ministério do Meio Ambiente para comentar. Enquanto esta edição da Nature ia para o prelo, Lula agendou uma reunião de governo em 3 de novembro para discutir o assunto. Não ficou claro se uma posição formal será anunciada esta semana em Barcelona, onde negociadores do clima estão se reunindo para a última rodada de discussões formais antes de Copenhague.

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Créditos das imagens

Aquecimento global – TONY CRADDOCK / SCIENCE PHOTO LIBRARY
Carlos Nobre – Unicamp.br
Marina Silva – Valter Campanato/ABr
Lula – Ricardo Stuckert / Presidência da República.