Um peixe fora d´agua [video]
Um novo e criativo experimento pode lançar alguma luz sobre os tipos de mudanças que permitiram nadadeiras de vertebrados aquáticos ancestrais evoluírem em patas, como aconteceu com certos tipos de peixes durante o devoniano, dando origem aos tetrápodes. Este vídeo (em inglês) explica o experimento publicado na revista Nature [e alvo de um post recente do evolucionismo: “Andando como um peixe fora d´água”] e o contexto científico em que ele está inserido, ou seja, no estudo dos efeitos da plasticidade do desenvolvimento dos organismos em sua evolução.
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- Standen, Emily M., Du, Trina Y. & Larsson, Hans C. E. Developmental plasticity and the origin of tetrapods Nature 27 August 2014 doi:10.1038/nature13708
Última resposta: Parte V
Olha aí seu “consenso” ad-nauseam. Ciência se faz com evidências/provas e fatos observáveis e não em conluios consensuais sectaristas pró-Darwin.
É relevante o que diz um dos destacados biólogos evolucionistas – Robert L. Carroll – e não raro se ouvem declarações semelhantes dos próprios evolucionistas!
“The most striking features of large-scale evolution are the extremely rapid divergence of lineages near the time of their origin, followed by long periods in which basic body plans and ways of life are retained. What is missing are the many intermediate forms hypothesized by Darwin, and the continual divergence of major lineages into the morphospace between distinct adaptive types.” (Towards a new evolutionary synthesis”, Trends in Ecology and Evolution, Vol. 15(1):27-32-2000).
Onde Carroll nega o fato da evolução? Aqui, mais uma vez, você confunde questões sobre padrão e mecanismo da evolução e as trata como se fossem dúvidas sobre a factualidade do fenômeno. A discussão de Carrol não põem em dúvida a evolução e muito menos a macroevolução. Ele é um paleontólogo de vertebrados. A área de pesquisa, o ganha pão, dele é o estudo da macroevolução. Vc tenta usar uma discussão sobre um tema para mostrar que há dúvidas e problemas em outro. Isso é desonestidade intelectual ou muita ignorância.
Vamos lá.
Em momento nenhum Carroll discorda dos demais biólogos evolutivos, ou seja ele não nega que a evolução ocorre, ou seja, que as populações de seres vivos mudam ao longo do tempo em suas características hereditárias e que as linhagens divergem dando origem a espécies distintas – sendo os os seres vivos aparentados em vários níveis, uma vez que descendem de ancestrais comuns – e a táxons mais amplos que, como já expliquei, só fazem sentido em retrospecto. Ele não nega que a macroevolução ocorrou, ele não nega que transições morfológicas evolutivas de grande monta ocorreram. Se você conseguir mostrar que ele faz alguma dessas coisas no artigo dele, te dou um prêmio.
O que ele discute é simplesmente que os padrões de especiação não são como os que Darwin tinha em mente e que isso produz uma certa descontinuidade no registro fóssil que é real, mas que não é real por que a evolução não ocorre, como você parece querer, mas por que a especiação ocorre de maneira rápida e errática e formas intermediárias entre espécies irmãs raramente sejam capturadas neste registro.
Mas note bem, a velocidade aqui é relativa, pois os eventos de fossilização são raros e estes eventos ocorrem em populações periféricas, isoladas de de pequeno tamanho ocorrem em períodos geologicamente rápida, mas que ainda assim duram milhares ou dezenas de milhares de anos. Mas isso não é tudo, as formas intermediárias a que ele se referrem não são as mesmas envolvidas nas grandes transições entre grupos que são, estas sim, bem abundantes, pois neste último caso não é o processo de especiação que está em foco, mas o de derivação de estruturas mais complexas o que demanda vários eventos de especiação e que por isso deseja-se encontrar exemplares com características bem distintas intermediárias apenas entre outras de espécimens de espécies mais distantes que pode ser mesmo de gêneros, ordens e famílias distintas.
O tipo de característica intermediária que Carroll (assim como Gould e Eldredge e vários outros paleontólogos) discutem são bem mais sutis, apenas suficientes para reconhecermos dos organismos com membros de morfoespécies diferentes. Em alguns milhares de anos produzimos coisas muito mais diferentes por meio de seleção artificial e o mesmo se usarmos o registro fóssil como comparação, o tipo de mudança que Carroll faz menção está longe das taxas de evolução já estimadas.
Vários fatos científicos refutam seu consenso falacioso acientífico:
-Um exemplo claro de discrepâncias dentre tantos nos métodos de datação, é este de lavas basálticas provenientes das quedas de água do rio Colorado que era de 150 mil anos e depois acharam 20 mil anos: http://gsabulletin.gsapubs.org/content/118/3-4/421.
-Estudos mostram que o planeta Mercúrio não poderia ter os alegados milhões de anos devido a grande quantidade de material volátil, inclusive água e gelo! cfe. este link explica: http://creation.com/mercury-more-marks-of-youth
Apesar de ser criacionista, as referências no rodapé são de conceituadas entidades científicas.
-É fato que se encontra cada vez mais tecidos moles orgânicos e até DNA! em vários tipos de fósseis – dinossauros e outros – logo não poderiam ter os supostos milhões de anos, quando estudos já mostraram que a deterioração celular ocorre em no máximo uns 100 mil anos.
-Fósseis poli-estratigráficos, existem no mundo, evidências de fósseis de grandes animais – baleias e árvores, muitos de cabeça pra baixo – pelo qual ATRAVESSAM as camadas, fazendo-os abranger mais de uma camada.
Se o mesmo fosse formado por vento mais sedimentos gradualmente, eles não existiriam, pois a parte do animal que permanecesse do lado externo a uma camada, seria DECOMPOSTO.
-Formato linear das camadas estratigráficas, alinhadas na horizontal, sem sinal de deformidades.
O contato plano-paralelo entre as “camadas” geológicas indica uma deposição rápida e sucessiva dos sedimentos que posteriormente se tornaram rochas, e não uma sedimentação ao longo de milhões de anos. Do contrário, deveriam haver fortes sinais de erosão, contaminações diversas, lixiviação, intemperismos, infiltrações produzindo irregularidades – contudo não há. As camadas são planas e regulares o que indica nenhum tempo de exposição climática.
São visíveis que as camadas DE CIMA (onde fica o solo), possuem imperfeições devido as erosões.
Se as camadas inferiores um dia estiveram na superfície, elas possuiriam as mesmas desigualdades que possuem na camada superior.
Pelo fato das camadas estarem bem alinhadas e sem sinal de erosão, isso demonstra que elas NUNCA estiveram na superfície.
Cícero, você não forneceu nenhuma evidência científica. Nada disso consta em livros-texto de biologia, geologia e paleontologia e muito menos aparece em artigos de periódicos especializados indexados e revisados por pares e de alto impacto. Vc não dá qualquer fonte minimamente confiável e nada que já não tenha sido refutado em sites como os TalkOrigins. Vc copia e cola como um típico criacionista. Vc realmente não sabe o que é evidência, não é?
http://www.talkorigins.org/indexcc/list.html
http://evolucionismo.org/profiles/blogs/a-vacuidade-do-design-inteligente
http://evolucionismo.org/profiles/blogs/incoerencia-irredutivel
Dunkelberg P (2003). Irreducible complexity demystified. Talk Reason
O DI é completamente vazio cientificamente e não é por falta do que mostrar. O biólogo e programador Wesley Elsberry e o matemático Jeffrey Shallit já desafiaram aos defensores do DI como Dembsky a fornecerem mostras de que este movimento é sério, mas os adeptos do DI simplesmente ignoram ou desconversam.
http://ncse.com/rncse/23/5-6/eight-challenges-intelligent-design-advocates
Para discussões mais técnicas sobre os problemas com o DI veja os artigos de Elliot Sober.
Sober, E. “What Is Wrong with Intelligent Design?” Quarterly Review of Biology, 2007, 82: 3-8.
Sober, E. “Intelligent Design and the Supernatural — the ‘God or Extraterrestrials’ Reply.” Faith and Philosophy, 2007, 24: 72-82.
Sober, E. “The Design Argument“. An expanded version of a paper first published in W. Mann, ed., The Blackwell Guide to Philosophy of Religion, 2004.
Sober, E. “Intelligent Design and Probability Reasoning.” International Journal for the Philosophy of Religion, 2002, 52: 65-80.
Sober, E. (with Branden Fitelson and Christopher Stephens) “How Not to Detect Design— A Review of William Dembski’s The Design Inference.” Philosophy of Science, 1999, 66: 472-488.
Mas existe muito mais material sobre isso:
Forrest, Barbara, and Paul R. Gross. Creationism’s Trojan Horse: The Wedge of Intelligent Design. Oxford: Oxford University Press, 2004.
Pennock, RT Tower of Babel: The Evidence Against the New Creationism Cambridge, MA: The MIT Press – Bradford Books. 1999
Pennock, R.T. God of the Gaps: The Argument from Ignorance and the Limits of Methodological Naturalism In Andrew Petto & Laurie Godfrey (editors) Scientists Confront Creationism: Intelligent Design and Beyond. W.W. Norton & Co. 2007, pp. 309-338.
Forrest, B. (2009). The non-epistemology of intelligent design: its implications for public policy Synthese DOI: 10.1007/s11229-009-9539-3
Boudry, M, and Braeckman, J. (2010). Immunizing strategies & epistemic defense mechanisms. Philosophia, 10.1007/s11406-010-9254-9.
Boudry, M., Blancke, S., & Braeckman, J. (2010). Irreducible Incoherence and Intelligent Design: A Look into the Conceptual Toolbox of a Pseudoscience The Quarterly Review of Biology, 85 (4), 473-482 DOI: 10.1086/656904; que pode ser encontrado em http://sites.google.com/site/maartenboudry/irreducible-incoherence
Pennock, Robert T (1997) Supernaturalist Explanations and the Prospects for a Theistic Science or “How do you know it was the lettuce?” Naturalism, Theism and the Scientific Enterprise” Conference – March 20-23, 1997.
Continua …
Esta questão da ‘oficialização’ ou não de uma ‘nova síntese’, para mim, é um pouco mais complicada, pois, se por um lado, concordo que certos fenômenos e mecanismos alardeados pelos adeptos do ‘sim’ realmente ainda estão muito ‘imaturos’ (em termos de pesquisas e exemplos) para forçarem uma ‘nova síntese’, por outro lado, já passamos há muito tempo de uma ‘teoria sintética padrão’. Para mim a teoria sintética é aquilo que foi criado entre os anos 30 e 40 do século XX. O que houve nos anos 60, 70 e 80 (como os debates entre selecionistas vs neutralistas e as discussões sobre as relações entre micro e macroevolução e o ascensão da moderna paleobiologia, além das discussões sobre os níveis de seleção e restrições evolutivas) já configurariam um processo que vai muito além da mera acomodação teórica. O ponto central, creio eu, é que a teoria evolutiva jamais deixou de mudar e incorporar novos mecanismos e fenômenos, mas o que ficou meio cristalizado (e talvez estagnado) é o discurso de divulgação sobre ela, como a ênfase demasiada nos genes e na seleção natural. Mesmo autores que considero estarem na vanguarda da biologia evolutiva moderna, muitas vezes, quando vão a publico, ainda adotam um jargão e um padrão de explicação que considero por demais simplista. Creio ser este o maior problema, já que pode passar a impressão que os biólogos evolutivos não lidam com estes fenômenos, mecanismos e processos, quando na verdade, estes novos fenômenos, abordagens, mecanismos e processos que estão sendo mais estudados nas últimas décadas estão recebendo bastante atenção, inclusive ao ganhar as páginas de grandes periódicos, algo que não aconteceria se estivessem sendo ignorados. Talvez alguns destes fenômenos ainda não tenham ganho os livros-texto, mas isso é só uma questão de tempo (e de passarem na peneira científica).
Claro, existe uma certa tendência de reinterpretá-los de uma maneira mais simples e conservadora, mas aí creio que o problema seja em relação as abordagens meta-teóricas sobre a evolução, como a visão ‘genecentrista’, que dão maior ou menor ênfase a alguns destes diversos mecanismos e processos (os ‘novos’ e os ‘tradicionais’) e, no caso da visão ‘genecentrista’, olham para herança apenas em termos de ‘genes’, que são interpretados de uma maneira um tanto metafórica e talvez idealizada demais. Porém, acho que estas discussões não são equivalentes a uma discussão sobre a teoria evolutiva propriamente dita, mas sim de como interpretá-la de uma maneira mais abstrata, sendo algo que jamais tornou-se consenso, especialmente por que a visão ‘genecentrista’ criticada, desde que Dawkins articulou esta perspectiva ainda nos anos de 1970, mesmo tendo se incrustado no padrão de explicação de muitos biólogos e divulgadores da ciência. Estas questões misturam-se na discussão e acho que isso atrapalha um pouco na hora de avaliar os argumentos dos dois lados.
Grande abraço,
Rodrigo
Esta questão da ‘oficialização’ ou não de uma ‘nova síntese’, para mim, é um pouco mais complicada, pois, se por um lado, concordo que certos fenômenos e mecanismos alardeados pelos adeptos do ‘sim’ realmente ainda estão muito ‘imaturos’ (em termos de pesquisas e exemplos) para forçarem uma ‘nova síntese’, por outro lado, já passamos há muito tempo de uma ‘teoria sintética padrão’. Para mim a teoria sintética é aquilo que foi criado entre os anos 30 e 40 do século XX. O que houve nos anos 60, 70 e 80 (como os debates entre selecionistas vs neutralistas e as discussões sobre as relações entre micro e macroevolução e o ascensão da moderna paleobiologia, além das discussões sobre os níveis de seleção e restrições evolutivas) já configurariam um processo que vai muito além da mera acomodação teórica. O ponto central, creio eu, é que a teoria evolutiva jamais deixou de mudar e incorporar novos mecanismos e fenômenos, mas o que ficou meio cristalizado (e talvez estagnado) é o discurso de divulgação sobre ela, como a ênfase demasiada nos genes e na seleção natural. Mesmo autores que considero estarem na vanguarda da biologia evolutiva moderna, muitas vezes, quando vão a publico, ainda adotam um jargão e um padrão de explicação que considero por demais simplista. Creio ser este o maior problema, já que pode passar a impressão que os biólogos evolutivos não lidam com estes fenômenos, mecanismos e processos, quando na verdade, estes novos fenômenos, abordagens, mecanismos e processos que estão sendo mais estudados nas últimas décadas estão recebendo bastante atenção, inclusive ao ganhar as páginas de grandes periódicos, algo que não aconteceria se estivessem sendo ignorados. Talvez alguns destes fenômenos ainda não tenham ganho os livros-texto, mas isso é só uma questão de tempo (e de passarem na peneira científica).
Claro, existe uma certa tendência de reinterpretá-los de uma maneira mais simples e conservadora, mas aí creio que o problema seja em relação as abordagens meta-teóricas sobre a evolução, como a visão ‘genecentrista’, que dão maior ou menor ênfase a alguns destes diversos mecanismos e processos (os ‘novos’ e os ‘tradicionais’) e, no caso da visão ‘genecentrista’, olham para herança apenas em termos de ‘genes’, que são interpretados de uma maneira um tanto metafórica e talvez idealizada demais. Porém, acho que estas discussões não são equivalentes a uma discussão sobre a teoria evolutiva propriamente dita, mas sim de como interpretá-la de uma maneira mais abstrata, sendo algo que jamais tornou-se consenso, especialmente por que a visão ‘genecentrista’ criticada, desde que Dawkins articulou esta perspectiva ainda nos anos de 1970, mesmo tendo se incrustado no padrão de explicação de muitos biólogos e divulgadores da ciência. Estas questões misturam-se na discussão e acho que isso atrapalha um pouco na hora de avaliar os argumentos dos dois lados.
Grande abraço,
Rodrigo