Rodrigo Véras

Superexpressão do gene 13Hoxd: Mais pistas sobre a transição entre peixes e tetrápodes:

Os vários fósseis de formas de transição (aqueles mesmo que os criacionistas insistem não existir. Veja esta resposta de nosso tumblr) indicam que os membros dos vertebrados tetrápodes evoluíram a partir de nadadeiras por meio da elaboração seqüencial de porções distais do endoesqueleto. Estes processo de elaboração segundo os cientistas pode ter ocorrido por uma redução simultânea da prega distal ectodérmica das nadadeiras de peixes ancestrais, dos quais nós tetrápodes evoluímos. Uma das formas de se conseguir tal resultado seria através de alterações do controle da transcrição de genes do grupo Hoxd por meio de elementos cis-regulatórios (isto é, sequências de DNA não transcritas mas que ajudam a modular a expressão dos genes a que estão associada a partir da ligação de fatores de transcrição e repressoras) conhecidos como ‘reforçadores’ ou ‘acentuassomos‘ (enhancers) que seriam específicos para os dedos. Esta sugestão de mecanismo evolutivo específico para as transformações morfológicas foi testada recentemente através da indução de superexpressão de um desses genes do grupo do Hox no peixe-zebra (Danio rerio).

Abaixo podemos ver o cluster de genes Hoxd e seu papel no desenvolvimento dos membros de vertebrados tetrápodes. Em (a) temos a representação esquemática de parte do aglomerado Hoxd, mostrando o arranjo de seis dos nove genes Hoxd ao longo de um único cromossomo que são características dos genes do grupo Hox que mostram essas estreitas relações espaciais. Em (b) é mostrado o membro em desenvolvimento de um embrião de pinto em que podemos perceber que à medida que o broto do membro cresce, ele exibe um padrão dinâmico de sobreposição das expressão destes genes Hoxd, que se correlaciona com o arranjo espacial dos genes ao longo do cromossomo. Este padrão subdivide o membro em desenvolvimento em regiões que a partir daí produzirão estruturas distintas, como será o caso, por exemplo, de cada uma das três regiões no ápice do membro em desenvolvimento que darão origem aos três dedos vistos nas galinhas adultas.

Como mencionado, neste novo estudo conduzido pelos pesquisadores Renata Freitas, Carlos Gómez-Marín, Jonathan Mark Wilson, Fernando Casares, José Luis Gómez-Skarmet, intitulado “Hoxd13 Contribution to the Evolution of Vertebrate Appendages” (publicado no dia 11 de dezembro na revista Developmental Cell), foi constatado que a superespressão do gene 13Hoxda nas extremidades das nadadeiras em crescimento do peixe-zebra promove a proliferação celular, a expansão distal do tecido condrogénica e também a redução das pregas das nadadeiras.

 

O ponto importante aqui é que a redução dos pregas das nadadeiras e a geração de novo tecido cartilaginoso, recapitulam aspectos chaves do desenvolvimento embriológico dos tetrápodes terrestres. Mas os pesquisadores não ficaram apenas nisso. Eles também foram capazes de mostrar que um elemento reforçador específico de tetrápodes (CsC), associado a expressão de genes 5′ Hoxd, induz padrões de expressão similares nas nadadeiras dos peixes-zebra estudados àqueles observados em membros de camundongos.

“Nós descobrimos que no peixe-zebra, o elemento do camundongo de controle do gene Hoxd13 era capaz de dirigir a expressão do gene no rudimento distal da nadadeira. Este resultado indica que as máquinas moleculares capazes de ativar este elemento de controle também estavam presentes no último ancestral comum entre os animais com nadadeiras e patas e está provado por seus vestígios no peixe-zebra,” como diz o Casares, outro dos autores do estudo. [via Eurekalert]

Ao lado podemos observar um embrião do peixe-zebra que, após ter sido geneticamente manipulado – de modo a produzir a proteína HoxD13 no interior das células que ficam na ponta do tecido que dá origem a nadadeira em desenvolvimento -, desenvolveu um membro que se parece mais com uma pata do que com uma nadadeira/aleta [Crédito: Freitas et al., 2012 Developmental Cell doi:10.1016/j.devcel.2012.10.015].

Na figura ao lado e à direita  que é uma tradução do resumo gráfico (que está diponível online no site da Cell Press com o resumo do artigo), podemos ver melhor todo o raciocínio por trás da hipótese e como o experimento lhe dá apoio, já que o aumento da produção do gene 13Hoxda obtido por aumento das regiões reforçadoras induz no peixe-zebra mudanças similares as sofridas pelos brotos dos membros em desenvolvimento dos vertebrados tetrápode. Note que a cor azul indica as regiões proliferativas. 

Assim, de acordo como os autores do artigo, estes resultados conferem apoio a idéia de que a modulação da expressão de genes 5’Hoxd, obtida por meio da aquisição de novos elementos reforçadores, serviram como o substrato para a evolução das nadadeiras e por conseguinte tendo sido cruciais na origem dos membros autopodes dos tetrápodes.

 

Porém, estes resultados são importantes por vários motivos mais gerais, dos quais podemos citar dois: Em primeiro lugar esta descoberta é mais uma evidência para a ideia geral que a evolução morfológica depende muito de mutações nos elementos cis-regulatórios, aqueles que estão envolvidos na especificação de quando e onde os genes serão expressos, bem como as quantidades dos produtos gênicos que serão produzidas. Nas palavras de José Luis Gómez-Skarmeta, autor sênior do estudo, pesquisador do CSIC-Universidad Pablo de Olavide-Junta de Andalucía, em Sevilha , Espanha:

“Primeiro, e acima de tudo, esta descoberta nos ajuda a entender o poder que a modificação da expressão gênica tem em moldar nossos corpos,” [via Eurekalert]

Mas, além disso, como também ressalta Gómez-Skarmeta, este trabalho tem implicações diretas na saúde humana:

“Segundo, muitas doenças genéticas estão associadas a uma má formação dos nossos órgãos durante o desenvolvimento. No caso dos genes envolvidos na formação de membros, a sua função anormal está associada com doenças tais como sinpolidactilía e a síndorme mão-pé-genital [via Eurekalert]

Estes comentários ilustram a abrangência e as diversas implicações da pesquisa em biologia evolutiva do desenvolvimento e em ciência básica de modo geral, deixando claro como mesmo os ramos mais fundamentais da pesquisa científica podem nos ajudar com problemas mais práticos. Além disso, este trabalho como um todo mostra a biologia evolutiva no seu melhor, isto é, ele exemplifica como a junção de informações obtidas a partir da análise dos fósseis com as adquiridas por meio de estudos comparativos experimentais permitem que resolvamos questões complicadas sobre a história da vida em nosso planeta que vão sendo investigadas usando-se múltiplas ferramentas e várias estratégias e linhas de investigação complementares.

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Referências:

  • Freitas, Renata, Gómez-Marín, Carlos, Mark Wilson, Jonathan, Casares, Fernando, Gómez-Skarmeta,José Luis. Hoxd13 Contribution to the Evolution of Vertebrate Appendages. Developmental Cell, 2012; 23 (6): 1219 DOI: 10.1016/j.devcel.2012.10.015

 

Créditos das Figuras:

Esquema altamente idealizado de um reforçador sem menção a cromatina (Data:
12 de abril fr 2008; Autor: Squidonius) – wikicommons     

Figura 2 AcessScience RESEARCH UPDATE: Evolutionary developmental biology (vertebrate)

 

Conheça os fósseis dos primeiros animais com ‘esqueleto’ (via Revista FAPESP)

Interessante vídeo, com o paleontólogo Lucas Warren, sobre as recentes descobertas de fósseis de animais com carapaças mineralizadas em um sítio fossilífero localizado nos arredores do pequeno povoado de Puerto Vallemí, no Paraguai, e que datam do pre-cambriano. Estes fósseis podem nos ajudar a compreender melhor o que ocorreu durante a explosão cambriana e especialmente o que pode tê-la ‘detonado’. Veja também nosso post “A Explosão Cambriana: Uma introdução

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Referências:

  • ZORZETTO, A vida protegida por armaduras Edição 199, Setembro de 2012

  • WARREN, L.V. et al. The dawn of animal skeletogenesis: Ultrastructural analysis of the Ediacaran metazoan Corumbella werneri. Geology. v. 40. p. 691-94. ago. 2012.

  • WARREN, L.V. et al. Corumbella and in situ Cloudina in association with thrombolites in the Ediacaran Itapucumi Group, Paraguay. Terra Nova. v. 23 (6), p. 382-89. dec. 2011.

Inscrições para o Festival do Minuto: O tema é a ciência!

A pedido da produtora do ‘festival do minuto‘, Viviane Carvalho, replicamos o texto que divulga o tema do festival deste ano que, não por acaso, é a ciência.

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  Ciência é novo tema de concurso do Festival do Minuto

 Participantes concorrem a seis laptops como prêmios

 O concurso tem apoio da FAPESP e as inscrições vão até o dia 30 de outubro

 

Ciência. É só pensar no termo que já vem à cabeça um laboratório, um rato para experiências e um cientista maluco de avental branco? Pois ciência é muito mais do que essa visão estereotipada, já que nos deparamos com ela nas mínimas coisas do dia a dia – da lâmpada elétrica ao telefone celular, do banho quente aos tratamentos de saúde, da conservação ambiental ao uso da internet. Por isso, o termo pode trazer inúmeras ideias para criar belos vídeos de um minuto. É no que aposta o novo concurso do Festival do Minuto. 

Mas, afinal, o que é ciência? Mesmo que sua definição seja bastante abrangente, podemos dizer que ciência é o resultado do esforço humano para aumentar o que se sabe sobre determinado assunto com base em um método científico, ou seja, na observação, no questionamento e no raciocínio lógico. É desse conhecimento que resultam boa parte das descobertas e das invenções. Em resumo, ciência também é resultado da nossa criatividade.

Por isso, para participar do festival, nada melhor do que deixar a imaginação fluir sobre qualquer ciência, seja ela exata, humana ou sobre a vida. Ciência da computação, engenharia, física, matemática, química, zootecnia, botânica, biologia, antropologia… E, como sempre, valem vídeos de 60 segundos em qualquer formato: filmes de animação, vídeos feitos com câmeras digitais, celular, ipad etc. O que vale, mais uma vez, é a criatividade. O concurso segue aberto a pessoas de todas as idades, com inscrições até o dia 30 de outubro.

 

FAPESP: 50 anos de apoio à pesquisa

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é uma das mais importantes agências brasileiras de apoio à pesquisa científica. Criada em 1962, a FAPESP, ao longo dos seus 50 anos, concedeu cerca de 105 mil bolsas de pesquisa – da graduação ao pós-doutorado – e apoio a mais de 92 mil auxílios para pesquisadores do Estado de São Paulo. O apoio é dado a pesquisas em todas as áreas das ciências, bem como tecnologia, engenharia, artes e humanidades. A FAPESP também apoia pesquisas em áreas consideradas estratégicas para o País, por meio de programas em grandes temas, como biodiversidade, mudanças climáticas e bioenergia.

Para saber mais, acesse www.fapesp.br.

 

Sobre o Festival do Minuto

O Festival do Minuto foi criado no Brasil, em 1991, e propõe a produção de vídeos com até um minuto de duração. É, hoje, o maior festival de vídeos da América Latina e também o mais democrático, já que aceita contribuições de amadores e profissionais, indistintamente. A partir do evento brasileiro, o Festival do Minuto se espalhou para mais de 50 países, cada um com dinâmica e formato próprios. O acervo do Minuto inclui vídeos de inúmeros realizadores que hoje são conhecidos pela produção de longas-metragens, como os diretores Fernando Meirelles (Cidade de DeusO Jardineiro Fiel), Beto Brant (O Invasor, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios) e Tata Amaral (Um Céu de EstrelasAntônia).

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Esperamos que os leitores do evolucionismo.org participem, quem sabem fazendo um vídeo sobre evolução que poderemos divulgar aqui também. 🙂

ORIGEM DA VIDA: RECENTES CONTRIBUIÇÕES PARA UM MODELO CIENTÍFICO (de Hernâni L.S.. Maia e Ilda V. R. Dias)

Outro interessante acréscimo ao acervo de livros de divulgação cientifica publicados no Brasil. Desta vez o tema versa sobre as origens da vida e as hipóteses, modelos e teorias científicas que têm sido propostas e investigadas para explicar este grande e excitante mistério. O livro é ‘Origem da Vida: Recentes Contribuições para um Modelo Científico‘ editado este ano pela editora da livraria da Física a partir da edição original portuguesa da editora escolar que havia saído em Portugal em 2008.

O livro é escrito pelo químico orgânico, Hernâni L.S. Maia, especializado em peptídeos, professor do Departamento de química da Universidade do Minho, em Portugal e por Ilda V.R. Dias sobre a qual, infelizmente, não consegui achar mais informações. O livro aborda um amplo conjunto de tópicos relacionados a origem da vida, em seus primeiros capítulos, contextualizando historicamente a questão e discutindo sua ligação com os debates entre o século XVII ao XIX, bem como em relação a emergência da teoria da evolução que surgia como uma contrapartida científica a visão criacionista ainda preponderante no século passado. Pretendo em breve, assim que terminar a leitura do livro, fazer uma resenha mais extensa e discutir alguns de seus capítulos e temas mais importantes.

O livro, além das edições portuguesa e brasileira, também está disponível em uma edição online livre, em inglês, na qual consta mais um autor, Keith G. Orrell, do Departamento de Química da Universidade de Exeter. Porém recomendo a compra da versão impressa, especialmente como forma de valorizar a publicação deste tipo de material em nosso idioma, mas procurem por promoções, pois o livro não está exatamente barato, custando por volta de R$60,00.

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Referências:

  • Maia, Hernâni L.S. & Dias, Ilda V.R. Origem da Vida: Recentes Contribuições para um Modelo Científico, Escolar Livraria da Física, 1a ed., 2012, 286 páginas

  • Dias, Ilda V.R. & Maia, Hernâni L.S. Origem da Vida: Recentes Contribuições para um Modelo Científico, Escolar Editora, Lisbon, 2008

O Bê-A-Bá da Evolução (Legendado por Valmidênio Barros)

Segue um excelente vídeo com uma introdução à evolução biológica e à moderna teoria evolutiva feito por QualiaSoup (que já havia feito outros vídeos sobre o tema como dois vídeos refutando o argumento da complexidade irredutível que podem ser vistos aqui e aqui) e que foi traduzido e legendado por Valmidênio Barros. O vídeo, além de mostrar alguns dos principais fundamentos da moderna biologia evolutiva, desfaz alguns mal entendidos sobre o tema (que nós mesmos já abordamos aqui em outras ocasiões) de maneira simples e efetiva, mas que são repetidos por criacionistas de todas as estirpes ou por má-fé ou por simples falta de conhecimento sobre evolução e sobre como funciona a ciência moderna.

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Guepardos e gatos domésticos têm mais do que sua ‘felinidade’ em comum.

As, muitas vezes, exóticas e intrincadas padronagens das pelagem dos animais nos causam admiração e nos demandam explicações inclusive de natureza evolutiva. Contudo, embora existam muitas hipóteses adaptativas que explicariam por que alguns desses padrões podem ter se tornado tão disseminados em certos animais com base na seleção natural ou tão diversificados em função da seleção sexual através do papel na ”propaganda” típicos dos processos de cortejamento e escolha de parceiros, infelizmente, sabemos muito pouco sobre as bases genéticas e desenvolvimentais que estariam por trás destes padrões de pelagem. Esta situação, entretanto, vem sendo mitigada pelo trabalho diligente e criativo de muitos cientistas, como é muito bem exemplificado por um artigo publicado em setembro deste ano na revista Science por um time de pesquisadores de diversas instituições espalhadas pelo mundo, inclusive do Brasil.

Neste artigo, a equipe de biocientistas, que conta com a participação do geneticista brasileiro, Eduardo Eizirik, da PUC-RS, conseguiu mostrar que mutações em um mesmo locus, em um mesmo gene, identificado a pouco tempo, podem produzir alterações nos padrões de pelagem tanto de Guepardos como dos gatos domésticos. O gene em questão, conhecido como Tadpep, codifica uma proteína transmembrana – isto é, que atravessa a bicamada lipídicas que forma a membrana plasmática – a aminopeptidase Q que é um tipo de enzima metaloprotease.

Enquanto nos guepardos as mutações neste gene produzem um raro padrão de pelagem [que de tão distintivo levou os primeiros naturalistas a identificá-lo a considerarem os animais que o exibiam com sendo de uma espécies diferente de guepardo, o ‘guepardo rei’], em gatos domésticos que apresentam o conjunto de padrões conhecido como tabby (manchados, pintados, tigrados etc), a mutação produz o que os especialistas em raças de gatos chamam de ‘tabby blotched‘ [A, B, C]. Nos animais com esta mutação as listras que geralmente nos animais com o padrão ‘tabby mackerel‘ são uniformemente distribuídas e mais nitidamente espaçadas acabam fundindo-se formando aquilo que parecem redemoinhos irregulares que é o que caracteriza o padrão ‘blotched’. Como pode ser observado na figura ao lado este padrão ‘blotched‘ parece ser análogo ao padrão ‘guepardo rei’ como fica claro ao contrastá-lo com padrão pintado muito mais comum nestes belos animais. Apesar de deste padrão ‘bloteched’ ser bastante comum em gatos domésticos ele não é comum em felinos selvagens, mesmo nas contrapartidas selvagens dos gatos domésticos.

A vantagem do trabalho com organismos modelo, no caso gatos domésticos, é que estes podem ser cruzados seletivamente por gerações e a partir do conhecimento dos ‘pedigrees’ de cada padrão resultante e do emprego de várias técnicas de análise genética torna-se possível identificar os genes que se correlacionam com estas mudanças e, assim, detectar as prováveis causas de cada fenótipo. Uma vez identificado o gene pode-se verificar se loci equivalente em espécies próximas e mutações que ocorram podem explicar também a variação nos fenótipos equivalentes destas outras espécies. Esta é uma grande vantagem ao que normalmente é feito investigando as características genéticas associadas a coloração e padronagem da pele em modelos animais mais comuns, como são o caso de camundongos e ratos, que não exibem padronagens análogas as de interesse.

Ao analisarem 31 outras espécies de felinos foi possível identificar que o gene Taqpep era realmente a causa do fenótipo Guepardo rei em que as pintas aglutinam-se em manchas e listras. Além disso, os pesquisadores fizeram estudos histológicos, de expressão genômica e transgênica em camundongos e ratos que indicaram que a expressão parácrina de outro gene, responsável pela codificação da Endothelin3 (Edn3), é que coordena os padrões espaciais da coloração. Os cientistas então propuseram um modelo em duas fases para explicar a formação do padrão de pelagem, em que primeiro o produto do gene Taqpep ajudaria a estabelecer um pré-padrão periódico durante as etapas iniciais do desenvolvimento da pele dos animais que, em fases mais tardias do desenvolvimento, seria implementado (isto é, cujo padrão seria gerado) por meio da expressão diferencial de gene Edn3. Estes genes e seus produtos, portanto, estariam por trás dos mecanismos morfogenéticos que produziriam os fenótipos típicos destas pelagem, como os vários processos e mecanismos dinâmicos de padronização espaço-temporal (‘formadores de padrão‘) que parecem ocorrer em tecidos vivos, como já discutimos em outras ocasiões, como na  resposta do nosso tumblr, em artigo sobre o sistema de reação-difusão de Turing,  intitulado “Turing ou como os camundongos conseguem seu palato enrugado.”, assim como no mais recente “De determinantes ‘genéricos’ aos ‘genéticos’: A importância da física nos primódios da evolução animal.

Estes resultados são muito importantes por que, a partir do conhecimento da base molecular destas mudanças, poderemos investigar os processos evolutivos que os influenciaram, determinando com mais segurança quais destes padrões evoluíram por realmente terem sido adaptativos – tendo se disseminado nas populações ancestrais pelas vantagens conferidas aos indivíduos que os portavam (que por causa deles se camuflavam melhor ou atraíam mais parceiros etc)- e quais tenham se estabelecido por causa de processos estocásticos não adaptativos, como a deriva genética associada a, por exemplo, a ‘efeitos fundadores’, e aqueles que tiveram sua origem associadas a outras características e genes (estes sim adaptativos) que seriam intimamente associados aos padrões de pelagem ou com os quais as variantes dos genes de padronagem, simplesmente, tenham pegado carona por causa de sua proximidade física nos cromossomos, sendo assim subprodutos da seleção de outros genes e características.

Este detalhamento das bases genéticas das características biológicas vai nos levar cada vez mais longe, nos permitindo compreender cada vez melhor como a evolução destas incríveis características ocorreu, enquanto continuamos a nos maravilhar com  a beleza destes fenótipos e dos seres que os exibem.

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Referências:

  • Kaelin CB, Xu X, Hong LZ, David VA, McGowan KA, Schmidt-Küntzel A, Roelke ME, Pino J, Pontius J, Cooper GM, Manuel H, Swanson WF, Marker L, Harper CK, van Dyk A, Yue B, Mullikin JC, Warren WC, Eizirik E, Kos L, O’Brien SJ, Barsh GS, Menotti-Raymond M. Specifying and sustaining pigmentation patterns in domestic and wild cats. Science. 2012 Sep 21;337(6101):1536-41. PubMed PMID: 22997338.

  • Norton, Elizabeth How the Tabby Got Its Blotches Science Now on 20 September, 2012.

  • Saey, Tina Hesman How the cheetah loses its spots Science News Web edition : Friday, September 21, 2012

  • Diniz, Isis Nóbile Mutação gera padrão em espiral no pelo de gatos e guepardos Revista FAPESP Edição Online 23:33 20 de setembro de 2012

Crédito das imagens:

Imagens dos Guepardos e gatos: © GREG BARSH / RESERVA ANN VAN DYK

Foto de Eduardo Eizirik – Academia Brasileira de Ciências

 

De determinantes ‘genéricos’ aos ‘genéticos’: A importância da física nos primódios da evolução animal.

O biólogo do desenvolvimento Stuart Newman*, professor de biologia celular e anatomia do New York Medical College representa uma tradição de biocientistas que remonta ao famoso D’Arcy Wentworth Thompson (e mais recentemente, na década de 1950, ao matemático Alan Turing, como seu modelo morfogenético de reação e difusão) que encaram os sistemas biológicos a partir de suas propriedades físicas e químicas e as interações que emergem nos diversos níveis de organização espacial e temporal, tentando modelá-los matematicamente e compreendê-los de maneira mais ampla e menos contingente, buscando por exemplo, leis da forma biológica e que estariam por trás das transformações que se sucedem durante o desenvolvimento ontogenéticos dos indivíduos e como estas características e processos influenciam na evolução das populações e linhagens de organismos.

Já abordamos algumas das visões de Newman e de outros biólogos teóricos que se alinham a esta tradição, conhecida por alguns como ‘estruturalismo de processo‘, em artigos anteriores (Veja por exemplo: “É a evolução genética previsível? Parte II ou Além da genética parte I” e “Viva Turing ou como os camundongos conseguem seu palato enrugado.”), mas agora em um número especial [1] da revista Science que lida especificamente com as forças que agem durante o desenvolvimento embriológico, Newman novamente expõem suas interessantes ideias de como propriedades genéricas físicas e geométricas teriam entrado em ação quando os primeiros seres unicelulares eucariontes começaram a organizarem-se em conjuntos multicelulares.

O modelo de evolução animal proposto por Newman é um tanto diferente da perspectiva tradicional que encara a evolução como uma processo contingente e que portanto ocorrendo de maneira oportunista através de pequenos passos que originalmente ocorrem ao acaso e que são mantidos e disseminadas nas populações ou não de acordo com as vantagens funcionais conferidas ao seus portadores frente aos demais indivíduos em um dado contexto ecológico e demográfico. Todava, para Newman, as coisas devem ter sido bem diferentes nos momentos iniciais da evolução de organismos multicelulares. As ideias de Newman tẽm suas raízes em duas fontes principais. A primeira fonte é a incrível gama de evidências e informações sobre a genética dos nossos ancestrais unicelulares mais remotos, mas a segunda é que o coloca na tradição de Thompson e Turing, pois Newman, embasa sua perspectiva nas propriedades de certos materiais e na dinâmica física da”mesoescala” [2].

Os corpos de animais – e, claro, os embriões que os geram – exibem toda uma variedade de “motivos morfológicos” recorrentes que de acordo com as evidências obtidas através da análise do registro fóssil, teriam aparecido pela primeira entre 550 e 650 milhões de anos atrás. Nos animais, durante o seu desenvolvimento embrionário, as células se organizam em tecidos formando camadas que não se misturam e que possuem cavidades internas. Os embriões animais também exibem padrões arranjados de tipos celulares que podem formar segmentos, exoesqueletos e vasos sanguíneos, além de durante o processo ontogenético, os embriões em desenvolvimento passam por várias mudanças ‘morfogenéticas’ que envolvem o seu dobramento, elongamento, projeção de apêndices, e, em algumas espécies, a formação de endosqueletos a partir de elementos repetitivos como, por exemplo, é o caso da mão humana. [3] Assim, de acordo com o seu modelo alternativo, os motivos estruturais que estão na base da forma animal até hoje são de fato bastante previsível e, na realidade, refletem a dinâmica física das interações dessa ‘mesoescala‘ e provavelmente entraram em ação de maneira mais ou menos súbita do que as perspectivas mais tradicionais da Evo-Devo tendem a reconhecer, com transformações morfológicas bruscas tendo sido favorecidas durante este período inicial de evolução animal. Este modelo é explicado em detalhes no artigo “Physico-Genetic Determinants in the Evolution of Development” da já mencionada edição especial da revista Science disponível online a partir do dia 12 de outubro e no podcast com uma entrevista com o próprio Newman que acompanha esta edição online [2, 3].

O modelo de Newman tem como base a constatação que esses motivos que aparecerem recorrentemente durante os desenvolvimento animal são na realidade muito semelhantes às formas assumidas por materiais não-vivos que são tipicamente estudados por áreas da física com a da matéria condensada, e que são observados em sistemas quimicamente ativos, como meios excitáveis e em materiais viscoelásticos, embora os motivos dos embriões vivos sejam, via de regra, muito mais complexos e sutilmente controlados.

Então, a partir desta constatação, Newman propõe que os ancestrais dos animais atuais adquiriram essas formas estereotipadas quando os antigos organismos unicelulares dos quais evoluíram passaram a viver em aglomerados multicelulares, período em que os processos físicos relevantes para a matéria nesta nova escala (para a vida celular) espacial passaram a ser imediatamente mobilizados [2].

Como os estudos genéticos e genômicos comparativos e as análises filogenética indicam, os progenitores unicelulares dos organismos multicelulares já possuíam vários dos genes do chamado “kit de ferramentas de genético-desenvolvimental” com o qual todos os animais de hoje orquestram o seu desenvolvimento embrionário. Acontece que no passado estes genes e seus precursores eram empregados para funções típicas de organismos com uma única célula, mas foram precisamente estes genes e seus produtos, entretanto, que permitiram que os recém formados grupos ancestrais de organismos multicelulares aproveitassem dos efeitos físicos da ‘mesoescala’ que produziram os motivos morfológicos e desenvolvimentais característicos. A partir daí estes diversos agregados originais devem ter evoluído paralelamente recrutando conjuntos distintas dos genes ancestrais, formando os circuitos e vias de desenvolvimento, para o controle e estabilização desses diversos ‘novos’ processos e motivos que surgiram quando os organismos adentraram nesta nova escala espacial e geométrica. [2, 3]

Na perspectiva de Newman, a seleção natural teria agido a partir daí, atuando por centenas de milhões de anos desde a ocorrência desses eventos de originação, levando, de acordo com a hipótese de Newman, a maior complexidade dos processos de desenvolvimento que aos poucos foram tornando a embriogênese muito menos dependente dos, potencialmente, inconsistentes determinantes físicos, embora esses motivos e processos físicos “genéricos” ainda estejam no cerne dos processos e mecanismos do desenvolvimentos animal, embora estejam sobre camadas e camadas de controle genético mais fino [2, 3].

Esta perspectiva, como enfatizado por Newman em seu artigo, oferece interpretações bem naturais para aspectos intrigantes dos primórdios da evolução animal, incluindo o aumento “explosivo” das formas corporais complexas que teria ocorrido durante o período cambriano, além de nos ajudar a compreender a conservação do mesmo conjunto de genes de controle do desenvolvimento em todos os filos animais, mesmo os mais morfologicamente distintos, além da chamada “ampulheta embrionária” [4, e veja também o artigo “Por que cinco dedos?”] que é a observação por parte de gerações de embriologistas comparativos e biólogos do desenvolvimento que as espécies de um dado filo mesmo passando por trajetórias ontogenéticas de embriogênese muito diferentes uma das outras (por exemplo, rãs e ratos) passando por pontos de partida embrionários bem distintos, e, ainda assim, passarem por fases intermediárias de desenvolvimento muito semelhantes , como as conhecidas fases ‘filotípicas’, mantendo seu ‘plano básico de desenvolvimento‘ [2, 3, 4].

As perspectivas de Newman enriquecem a moderna biologia evolutiva e nos leva um pouco mais próximos a compreender mais  a fundo como as formas emergem durante o desenvolvimento ontogenético e como se modifica durante a evolução, integrado áreas bem distintas das ciẽncias de uma forma fértil, e fazendo uma ponte entre uma visão mais nomológica da vida com a mais contingente e histórica, ampliando o leque de explicações evolutivas de modo a tornar mais claro este belo entrejogo entre ‘acaso e necessidade’ que caracteriza a vida e sua evolução.

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*Newman oferecerá em novembro deste ano, na Universidade Federal da Bahia, um curso sobre Evo-Devo contando com a organização do professor Charbel Niño El-Hani, como já noticiado aqui em nosso site.

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Referências:

  1. Purnell, Beverly A. Forceful Thinking Science 12 October 2012: 338 (6104), 209. doi:10.1126/science.338.6104.209

  2. Newman, Stuart A. Physico-Genetic Determinants in the Evolution of Development. Science, 12 October 2012: 217-219 doi: 10.1126/science.1222003

  3. New York Medical College (2012, October 11). Developmental biologist proposes new theory of early animal evolution that challenges basic assumption of evolution. ScienceDaily. Retrieved October 12, 2012 [Link]

  4. Irie N, Kuratani S. Comparative transcriptome analysis reveals vertebrate phylotypic pe…. Nat Commun. 2011;2:248. PubMed PMID: 21427719.

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Referências Adicionais Recomendadas:

O ruído por trás do ENCODE Parte 1

As repercussões a divulgação dos resultados do ENCODE continuam e vários pesquisadores que trabalham com as partes do DNA consideradas ‘sucata’ (mais sobre isso adiante) – isto é, elementos genéticos móveis ou elementos transponíveis (TEs), como retroposons e transposons (funcionais ou ‘quebrados’), sequências repetitivas, retrovírus endógenos (ERVs), pseudogenes etc – têm se manifestado contra a hype incitada pelos artigos e releases de imprensa e pelas as discussões nos blogs de não-especialistas que abraçaram a ideia simplista de que este era o fim da história do DNA sucata. Como Mark Twain já havia dito “Parece-me que as notícias sobre a minha morte são muito exageradas” e assim parece ser o caso do epitáfio do ‘DNA sucata’.

A noção estendida de função adotada nos ensaios conduzidos pelos participantes do consórcio ENCODE buscam apenas regiões transcritas em que proteínas liguem-se ou que tenham sido quimicamente modificadas diferencialmente, mas nada disso é uma evidência inequívoca de que aqueles trechos sirvam para algo de um ponto de vista mais específico para a sobrevivência do organismo e muito menos que tenha sido produzido pelos seus efeitos favoráveis na sobrevivência e sucesso reprodutivo nos indivíduos que os portassem, mas esse não parece ser o caso ou pelo menos ainda não temos evidências diretas disso.

Como já havia comentado, as melhores estimativas são de que 20% das regiões do genoma analisadas parecem realmente ter uma função em sentido estrito, o que é compatível com as estimativas anteriores levando-se em conta os estudos sobre DNA sucata [Veja por exemplo esta comparação que T. Ryan Gregory faz de uma entrevista do principal investigador do artigo que resume os achados do ENCODE Ewan Birney e o primeiro artigoa usar o termo ‘DNA sucata’ e a discuti-lo, escrito por David Commins em 1972]. Este ponto é importante pois muitos dos posts, comentários e releases tem simplesmente apresentados a situação como se a maioria dos cientistas pensasse que 95% do DNA em nossos genomas não servia para nada ou que tivesse uma função desconhecidas, mas isso é simplesmente falso, como procurei mostrar em artigo anterior aqui em nossa página, pelo simples fato que já se sabia que parte do DNA não-codificante estaria envolvido com regulação especificamente com sítios de ligação para proteínas chamadas fatores de transcrição ao DNA ou como elementos estruturais importantes para a organização e movimento dos cromossomos, associados por exemplo as imediações dos centrômeros e telômeros, além de elementos espaçadores.

Além disso, não se imaginava que o resto do genoma fosse bioquimicamente inativo, isto é, não ‘fizesse nada’, mas apenas que uma boa parte não ‘servisse para nada’ em relação as necessidades do organismo portador, comportando-se como formas de DNA egoístas, vivendo como comensais ou mesmo parasitas genômicos. Porém, desde sempre já se imaginava que pelo menos alguns desses elementos genéticos móveis já deveriam ter sido domesticados e portanto estariam mais para simbiontes, tendo sido recrutados para uma função específica, como dar origem a novos genes ou sistemas de regulação ou ter um papel mais amplo como quem sabe um sistema de coesão molecular ou algo assim. O que muitos acreditavam e acreditam até hoje é que em muitos casos o que manteria estes trechos de DNA egoístas ou simbiontes seria o alto custo em removê-los o que provavelmente dependeria de vários detalhes como a eficiência da seleção natural e sua vinculação com os tamanhos efetivos da população, como é indicado pelo fato dos genomas de microrganismos procariontes serem bem mais enxutos do que o os dos eucariontes, especialmente os multicelulares.

Mas o fato que realmente tira o sono dos pesquisadores e que torna qualquer explicação funcional simples e direta e que sirva amplamente para as porções de ‘DNA sucata’ na maioria dos organismos é a imensa variação do seu conteúdo entre as espécies. Isso é ilustrado pelo chamado ‘teste da cebola’ proposto por T. Ryan Gregory que deixa claro o tipo de problema que está diante dos que negam simplesmente a ideia do DNA sucata e que boa parte dele esteja lá não por que nos sirva para algo específico, mas por que eles funcionam muito bem se replicando e se mantendo e por que em muitos casos removê-los é difícil e evolutivamente custoso. Este processo associa-se também intimamente ao ‘enigma do valor C’ (antes denominado ‘paradoxo do valor C‘) que é a falta de correlação restrita entre o tamanho dos genomas e todas as outras medidas de complexidade organísmica, como exceção de algumas coisas como volume celular e em algumas circunstâncias a velocidade de divisão celular que depende da quantidades de coisas a serem duplicadas.

Como Sidney Brenner teria dito, existe uma diferença entre lixo e sucata, pois lixo é o que você se joga fora e sucata é o que você mantém. Este mote tem me feito evitar a tradução comum de ‘Junk DNA’ por ‘DNA lixo’, preferindo e insistindo na tradução ‘DNA sucata’ que apesar da conotação de  acumulo de tranqueira não necessariamente atribui as vastas quantidades de DNA não-codificante, não-estruturais e não-regulatórios, a condição de desinteressante ou mesmo inútil. Pérolas podem ser esconder entre a sucata e boa parte da evolução biológica a longo prazo pode depender direta ou mais provavelmente indiretamente do que ocorre nestas vastas terras de ninguém que acumulam-se nas células dos organismos vivos.

Além do mais, sem uma definição mais restrita de função as coisas ficam confusas. Aproveitando as metáforas, arrisco-me a produzir a minha própria para ilustrar a questão: Em um ferro-velho, ao procurar por uma peça específica, alguém pode puxar uma tranqueira candidata a peça desejada que estava embaixo de uma pilha de sucata fazendo toda a pilha colapsar e cair em cima do escritório do dono do ferro-velho que de pronto poderia dizer: “Nossa vc foi puxar logo a peça que servia para evitar que meu escritório fosse destruído” O tipo de definição adotada pelo ENCODE permite este e outros usos que são muito diferentes daquilo que muitos pesquisadores interessados na evolução genõmica e na dinâmica de certas porções não-codificantes do genoma estão interessados e tendem a referir-se por ‘sucata’, na falta de um termo melhor [Veja “Sobre sucata, lixo, DNAs egoístas, comensais e simbiontes:”]

Após a tradução do ótimo artigo de Michael Eisen, “Uma teoria neutra da função molecular” dois outros artigos de blog de dois outros cientistas, ‘ENCODE says what?, “On The Neutral Sequence Fallacy, respectivamente, escritos por Sean R. EddyCasey Bergmanque continuam a destrinchar o recente hype sobre o ENCODE. Eddy afirma em seu artigo:

Uma descoberta chave que explicou satisfatoriamente o paradoxo C-valor foi a descoberta de que genomas, especialmente de origem animal e genomas de plantas, contêm um grande número de elementos transponíveis (móvel) que se replicam por si mesmos, muitas vezes à custa (geralmente leve) de genoma do seu hospedeiro . Por exemplo, cerca de 10% do genoma humano é composto por cerca de um milhão de cópias de um pequeno elemento móvel chamado Alu. Outra grande fração do genoma é composto por um elemento móvel denominado L1. Transposons são relacionados a vírus, e pensamos que em sua maior parte, eles são parasitas na natureza. Eles infectam um genoma, replicando-se, espalhando-se e multiplicando-se, eventualmente morrem, sofrem mutações e são erodidos, deixando suas seqüências de DNA. Às vezes, quando ago como uma Alu replica-se em saltos, em um novo lugar em nosso genoma, ela quebra alguma coisa. Normalmente (em parte porque o genoma é grande parte não-funcional) a Alu nova apenas pula em outro lugar na sucata e não tem qualquer efeito sobre nós.


Assim, verifica-se que, quando olhamos para todos esses diferentes tamanhos de genoma, quase toda a variação de tamanho intrigante é explicado por genomas com diferentes “cargas” de elementos transponíveis. Algumas criaturas, como baiacu, têm apenas baixas cargas de transposons. Algumas criaturas, como salamandras, peixes-pulmonados, amebas, milho e lírios, são carregados com um enorme número de transposons. Da mesma forma, o genoma humano é anotada como tendo cerca de 50% seqüência derivadas de transposons – no ponto certo da fronteira de 50/50 para que alguém possa dizer “o genoma humano é principalmente sucata” e que alguém poderia dizer “o genoma humano não é principalmente sucata “.

Sean R. Eddy vai adiante e deixa claro que DNA não-codificante, aquela parte que não está diretamente associada a codificação de proteínas e mesmo pequenos RNAs regulatórios que totalizariam entre 21000 e 22000 genes (veja os artigos Gene number and complexity, de T. Ryan Gregory, “False History and the Number of Genes“de Larry Moran e “Human genome at ten: Life is complicated” de Erika Chck Hayden), que talvez equivalham a 1 ou 2% do genoma, é em parte sucata (o que mesmo assim não diz que esta porção seja inativa bioquimicamente), mas também parte regulatória, como também já havíamos comentado, e, claro, também parte desconhecida:


É fundamental compreender que o DNA “não codificante” não é sinônimo de “DNA. Sucata”. A visão atual do genoma humano, que o ENCODE agora confirma sistemática e amplamente e estende, é que cerca de 1% é ligado a codificação de proteínas, talvez com cerca de 20.000 “genes” em média com cerca de 1.500 bases de codificantes cada (onde o conceito de um “gene” é amorfo, mas útil; sabemos que um quando vemos um). Os genes são ligados e desligados por regiões reguladoras de DNA, tais como promotores e potenciadores – como tem sido descoberto ao longo de 50 anos, começando com a forma como vírus bacterianos funcionam. Em animais, como os seres humanos, a maioria das pessoas (ok, eu) diria que há talvez 10-20 regiões regulatórias por gene, cada uma talvez com 100-300 bases de comprimento,então, muito aproximadamente, talvez algo da ordem de cerca de 1000-6000 bases de informação reguladora não codificante por cada 1500 bases codificantes de por gene. Eu só estou dando a noções superficiais e aproximadas aqui porque é realmente muito difícil de calcular esses números exatamente, o nosso conhecimento atual dos detalhes de seqüências de DNA reguladoras é dolorosamente incompleto. Isso é algo que ENCODE está tentando a ajudar a descobrir, de forma sistemática, e onde está uma grande parte do valor real de ENCODE. O ponto é, nós já sabíamos que havia provavelmente pelo menos como DNA regulatório tanto quanto a DNA codificante, e provavelmente mais, nós simplesmente não temos uma compreensão satisfatória de tudo isso ainda, e nós pensamos que precisávamos de um projeto ENCODE para avaliar isso de forma mais abrangente

Fazendo coro a Eisen, Eddy propõem a ideia altamente importante uma vez que dentro da definição de função usada pelo ENCODE encaixam-se perfeitamente boa parte do DNA já anotado como sucata. Por isso ele propõem o seguinte experimento de pensamento:

Se você fizer um pedaço de sucata por si mesmo – uma sequência de DNA completamente aleatória! – E deixasse o cair no meio de um gene humano, o que aconteceria com ele? Seria transcrito, porque o aparelho de transcrição para que o gene passaria rasgando pelo seu DNA sucata. O ENCODE chamaria o RNA transcrito de seu DNA sucata aleatório “funcional”, por sua definição técnica. E se ainda não fosse transcrito, seria porque ele agiu como um tipo diferente de elemento funcional (seu DNA aleatório poderia criar acidentalmente um terminador da transcrição).

A partir daí Eddy propõem a ideia de “Projeto do Genoma Aleatório”:

Assim, a-ha, há a questão real. A experiência que eu gostaria de ver é o Projeto Genoma Aleatório. Sintetizar um cromossomo de cem milhões de bases de DNA totalmente aleatório, e fazer um projeto ENCODE nesse DNA. Façam suas apostas: será que vai ser transcrito? Ligado por proteínas de ligação ao DNA? A cromatina será marcada?

 

O Projeto Genoma Aleatório é a hipótese nula, uma peça essencial para a compreensão de que seria ótim ter, antes que todos lutássemos sobre a interpretação dos dados do ENCODE sobre genomas. Para DNA aleatório (DNA não derivado de transposons, nem codificante e nem regulador), qual é a a nossa expectativa nula para todos essas características “funcionais” para o ENCODE, devida simplesmente ao acaso, em DNA aleatório?

Uma importante mensagem deixada por Eddy é que a evolução ocorre, muitas vezes, a partir do que há sucata:


Mesmo se você fizer o Projeto Genoma Aleatório e descobrir uma fração considerável de uma sequência totalmente aleatória “funcional”, transcrita e ligada e cuja cromatina é marcada, isso de alguma forma diminuiria a sua visão do genoma humano?


Pessoalmente, eu não acho que nós podemos entender genomas, a menos que tentemos reconhecer todos os diferentes ruidosos, processos neutros evolutivos estão ocorrendo nele. Sem “ruído” – sem um fundo de transcrição específico, mas não funcional, ligação e marcação – a evolução teria menos tração, menos de material de novo para agarrar e refinar e selecionar, para torná-lo mais e mais útil. Genomas são feitos de seqüência recondicionadas, emprestadas do que seja que estivesse por lá, incluindo o “DNA lixo” de transposons invasores.

 

Essas ideias ecoam os argumentos de Eisen sobre a necessidade de uma teoria neutra da função espelhando a teoria neutra da evolução molecular de Motoo Kimura que depois foi estendida no modelo quase-neutro por Tomoko Otha. É neste ponto que alguns alertas muito importantes devem ser feitos e que estão muito bem aprensados e esmiuçados por Casey Bergman em seu, também excelente e longo, post On The Neutral Sequence Fallacy, em que o cientista nos explica o que realmente é o modelo neutro de Kimura e Otha e por que precisamos separar a ‘restrição funcional‘ ou a falta dela de certas sequências – isto é, o fato de certas sequências possuírem certos limites além dos quais elas perdem suas funções essenciais e passam a ser alvo da seleção negativa e purificadora, enquanto outras não os possuem por serem não funcionais – da questão da neutralidade seletiva de certas variantes de uma mesma sequência, ou seja, o fato de que certas mutações ou alelos de uma determinada sequência de DNA são equivalentes em termos da aptidão conferida ao organismo que as portam, sendo assim igualmente, ou pelo menos quase equivalentes, funcionais, mesmo que as sequências em si seja funcionalmente restritas no sentido de não poderem variara completamente ou mesmo deixar de existir:

 

Apesar de sua ampla adoção, ao longo dos últimos dez anos, tem havido um aumento preocupante do abuso de terminologia sobre a teoria neutra, que vou chamar aqui coletivamente a “Falácia da Sequência Neutra” (inspirado na Falácia do Ornitorrinco de T. Ryan Gregory). A Falácia Sequência Neutra surge quando os conceitos distintos de restrição funcional e neutralidade seletiva são confundidos, levando à descrição equivocada de seqüências funcionalmente sem restrições como sendo “neutras”.A Falácia, em suma, é a de atribuir o termo neutro para uma sequência biomolecular particular.

 

Este tópico será abordado em breve e nos permitirá voltar a um das principais ideias que enriqueceram a biologia evolutiva moderna no período pós síntese, a teoria neutra da evolução molecular e os modelos e teorias dela derivadas.

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Para saber mais veja os postos anteriores “Uma teoria neutra da função molecular:“, Decodificando os novos resultados do ENCODE e “Sobre sucata, lixo, DNAs egoístas, comensais e simbiontes:

Créditos das Figuras:

TEK IMAGE/SCIENCE PHOTO LIBRARY
JAMES KING-HOLMES/SCIENCE PHOTO LIBRARY
LAURENT DOUEK/LOOK AT SCIENCES/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Uma teoria neutra da função molecular [Tradução de texto de Michael Eisen]:

Aproveitando a publicação dos diversos artigos sobre os resultados do ENCODE, achei oportuno traduzir este pequeno post do biólogo evolutivo Michael Eisen que discute alguns problemas com certas conclusões veiculadas pela mídia e mesmo vociferadas por alguns dos pesquisadores ligados ao projeto. Eisen explica por que estas conclusões não se seguem diretamente dos dados apresentados e como elas envolvem, na realidade, uma certa dose de ingenuidade em termos de biologia evolutiva, especialmente sobre o que aprendemos nos últimos 40 anos sobre evolução molecular. São palavras sóbrias e ao mesmo tempo intelectualmente instigantes que mostram o tipo de cuidado que precisamos ter ao analisar e interpretar essa montanha de dados sobre atividade bioquímica genômica e interações moleculares que estão surgindo via ENCODE e principalmente o quão claros devemos ser ao empregar palavras com ‘função’ em relação a estes achados.

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Uma teoria neutra da função molecular:

Autor: Michael Eisen | 7 de setembro de 2012

Fonte: it is NOT junk: ‘a blog about genomes, DNA, evolution, open science, baseball and other important things’

Post original: A neutral theory of molecular function

Tradução: Rodrigo Véras

Em 1968 Motoo Kimura publicou um pequeno artigo na Nature em que argumentava que “a maioria das mutações produzidas por substituições de nucleotídeos são quase completamente neutras em relação a seleção natural”. Este fantástico artigo é geralmente visto como tendo estabelecido a “teoria neutra” da evolução molecular, cujo princípio central foi definido por Jack King e Lester Jukes em um artigo da Science no ano seguinte:

A mudança evolutiva nos níveis morfológico, funcional ou comportamental resulta do processo de seleção natural, operando através de mudanças adaptativas no DNA. Disso não necessariamente se segue que toda, ou quase toda, mudança evolutiva no DNA seja devida a ação da seleção natural Darwiniana.

É difícil exagerar a importância desses artigos. Eles ofereceram um desafio imediato à crença profundamente falha, mas amplamente difundida, de que todas as alterações do DNA deveriam ser adaptativas – uma suposição que estava envenenando a maneira com que a maioria dos biólogos estavam avaliando a primeira onda de dados de seqüências de proteínas. E como suas idéias foram rapidamente aceitas no campo emergente da evolução molecular, a teoria neutra pairava sobre praticamente todas as análises de variação de seqüência dentro e entre as espécies nas décadas vindouras.

 

O que Kimura, King e Jukes realmente fizeram foi estabelecer um “modelo nulo” novo contra o qual qualquer exemplo hipotético de mudança molecular adaptativa deveria ser julgado. Na verdade, a neutralidade ofereceu uma explicação tão boa para alterações nas seqüências ao longo do tempo que, quando eu entrei no campo no início dos anos 90, os pesquisadores ainda lutavam para encontrar um único exemplo de mudança molecular para o qual uma explicação neutra pudesse ser rejeitada.

Embora a explosão de dados de seqüências na década passada finalmente rendeu evidências inequívocas de evolução adaptativa molecular em grande escala, é difícil exagerar o quão poderoso o modelo nulo neutro foi em forçar as pessoas a pensar claramente sobre o que significam as mudança adaptativas, e como alguém deveria proceder para identificar exemplos claros delas.

Penso muito sobre Kimura, sobre a teoria neutra, e os efeitos salutares de modelos nulos claros cada vez que eu me envolvo em discussões sobre a função, ou a falta dela, de eventos bioquímicos observados em experimentos de genômica, como os desencadeados esta semana pelas publicações do projeto ENCODE.

É fácil ver os paralelos entre a maneira que as pessoas falam sobre transcritos de RNAs, interações DNA-proteína, regiões hipersensíveis à Dnase e etc, com a forma que as pessoas falavam sobre mudanças em sequências PK (pré Kimura). Embora muitas das pessoas realizando RNA-seq, ChIP-seq, etc… foram indoutrinadas com Kimura em algum ponto de suas carreiras, a maioria parece incapaz de aplicar as lições dele ao seu próprio trabalho. O resultado é um campo impregnado implícita ou explicitamente com um pensamento que segue essa linha:

Eu observo A ligar-se a B. A poderia só ter evoluído para ligar-se a B se estivesse fazendo algo de útil. Logo, a ligação entre A a B é “funcional”.

Pode-se entender a tentação de pensar desta forma. Na perspectiva de livro-texto da biologia molecular, tudo é altamente regulado. Os genes são transcritos com um propósito. Fatores de transcrição ligam-se ao DNA quando estão regulando algo. Quinases fosforilam alvos para alterar sua atividade ou localização subcelular. E assim por diante. Embora sempre houve muitas razões para descartar essa maneira de pensar, até cerca de uma década atrás, era assim que a literatura científica parecia. Nos dias em que artigos descreviam genes únicos e interações individuais, quem se daria ao trabalho de publicar um artigo sobre uma interação não-funcional que haviam observado?


Mas a genômica experimental explodiu este mundo isolado e idílico da biologia molecular. Por exemplo, quando Mark Biggin e eu começamos a fazer experimentos ChIP-chip em embriões de
Drosophila, descobrimos que fatores não apenas ligavam-se com sua dúzia ou mais de alvos, mas a milhares e, em alguns casos, dezenas de milhares de lugares em todo o genoma. Tendo estudado Kimura, eu simplesmente assumi que a grande maioria destas interações tinha evoluído por acaso – um conseqüência natural, essencial, da fixação alterações nucleotídicas neutras que aconteceram e que por ventura criaram sítios de ligação de fatores de transcrição. E assim eu fiquei chocado que quase todos com quem conversava sobre esses dados assumiam que cada um desses eventos de ligação estava servido para alguma coisa – só não tinhamos descoberto ainda para que.

Mas se você pensar sobre isso, você se dará conta que isso simplesmente não pode ser assim. Como nós e muito outros temos mostrado agora, as interações moleculares não são raras. Transcritos, sítios de ligação de fatores de transcrição, modificações ao DNA, modificações na cromatina, sítios de ligação de RNA, sítios de fosforilação, interações proteína-proteína, etc … estão em toda a parte. Isso sugere que este tipo de eventos bioquímicos são fáceis de criar – mude um nucleotídeo aqui – Tcham!, um novo fator de transcrição se liga, e um sítio de splicing é perdido, um novo promotor é criado, um sítio de glicosilação é eliminado.

Será que isso entra em conflito com a teoria neutra? Não mesmo! Na verdade, é perfeitamente consistente com ela. A teoria neutra não exige que a maioria das alterações nas sequências não tenham nenhum efeito mensurável sobre os organismos. Pelo contrário, a única coisa que você tem que assumir é que a grande maioria dos eventos bioquímicos que ocorrem como conseqüência de mutações aleatórias não afetam significativamente aptidão dos organismos. Dado que uma fração tão grande do genoma é bioquimicamente ativa, a mesma lógica básica Kimura, King e Jukes usaram para argumentar pela neutralidade – que seria simplesmente impossível que um número tão grande de características moleculares tivessem sido levadas a fixação pela seleção – indica fortemente que a maioria dos acontecimentos bioquímicos não contribuem significativamente para a aptidão. Na verdade, dado a freqüência aparente com que novas interações moleculares surgem, é praticamente impossível que nós ainda existíssemos se cada novo evento molecular tivesse um efeito fenotípico forte.

Isto, naturalmente, não significa que todos esses eventos moleculares não façam nada – a sua existência é uma forma de função. Mas estamos geralmente interessados ​​em diferentes tipos de função – coisas que surgiram por meio da seleção natural, são mantidas por meio de da seleção purificadora, cuja perturbação vai causar uma doença ou outro fenótipo significativo. É claro que essas coisas existem no meio dos escombros. A questão é como encontrá-las. E aqui eu acho que devemos, mais uma vez, tomar nossa pista de Kimura.

Com argumentei acima, o campo da evolução molecular desenvolveu um núcleo intelectual poderoso em grande parte por que os pesquisadores tiveram que se ver as voltas com a poderosa hipótese neutra – significando que a mudança adaptativa teria que ser demonstrada, não pressuposta. Nós temos que aplicar a mesma lógica às interações moleculares.

Ao invés de assumir – como tantos pesquisadores do ENCODE parecem fazer – que os milhões (ou seriam bilhões?) de eventos moleculares que eles observam são um tesouro de elementos funcionais aguardando para serem compreendidos, eles deveriam encarar cada um e todos os eventos com um ceticismo Kimuriano. Nós jamais deveríamos aceitar a existência ou uma molécula ou uma observação de que ela interage com algo como uma evidência prima facie de que é algo importante. Ao contrário, nós deveríamos assumir que todas essas interações são não-funcionais até prove-se o contrário, e desenvolver melhores, convincentes, maneiras de rejeitar essa hipótese nula.

Parafraseando King e Jukes:


A
vida depende da produção de e das interacção entre DNAs, RNAs, proteínas e outras biomoléculas. Isso não significa necessariamente que todas as biomoléculas, ou a maioria delas, e as interações entre elas, sejam devidas à ação da seleção natural darwiniana.

Quero terminar salientando que há muitas pessoas (eu e meu grupo, incluídos) que já tem se digladiado com esta questão, com muitas ideias interessantes, e os resultados já por aí. Do ponto de vista intelectual, eu gostaria de destacar particularmente a influência dos escritos de Mike Lynch tiveram em mim – ver especialmente este.

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NOTA: Há muito mais a dizer sobre isso, e no interesse de tempo (eu tenho que dar uma palestra sobre genética logo no início da manhã) eu não me aprofundei como algumas dessas questões merecem. Vou atualizar este post quando o tempo permitir.

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Michael Eisen é um biólogo evolutivo da Universidade de Berkeley e pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes. Sua pesquisa se ​​concentra na genômica evolutiva e de populações da regulação genética em moscas, e sobre as formas que os micróbios controlam o comportamento de seus hospedeiros animais. Eisen é um forte defensor da ciência aberta, e um co-fundador da Public Library of Science., o famoso PloS e, segundo ele mesmo, o mais importante de tudo, um fã do Red Sox.

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Para saber mais veja nossos posts que abordam vários assuntos relacionados aos comentados por Eisen, como “Além da seleção natural ou a importância da evolução neutra.”, “O preço da complexidade”, “Mutações: A aleatoriedade em sua essência*”, “Post no blog: Marcas da adaptação: A teoria neutra e as assinaturas moleculares da seleção natural”, além do artigo anterior sobre as recentes notícias sobre o ENCODE, “Decodificando os novos resultados do ENCODE

Literatura intensamente recomendada: